ESTUDO ESPÍRITA PROMOVIDO PELO IRC-ESPIRITISMO HTTP://WWW.IRC-ESPIRITISMO.ORG.BR CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS HTTP://WWW.CELD.ORG.BR TEMA:" PALESTRA SOBRE ALLAN KARDEC." EXPOSITORA: MÁRCIA CORDEIRO RIO DE JANEIRO 01/10/2003 Dirigente do Estudo: Márcio Alves Mensagem Introdutória: EM HONRA A KARDEC Na Doutrina Espírita, não se dirá que Allan Kardec foi ultrapassado, de vez que os nossos princípios avançam com o fluxo evolutivo da própria vida e, à maneira da árvore que para mostrar a excelência do fruto não dispensa a raiz, tanto quanto o edifício vulgar para crescer em nova pavimentação não prescinde do alicerce, o Espiritismo não fugirá das diretrizes primeiras, a fim de ampliar-se em construções mais elevadas, com a segurança precisa. Superam-se técnicas e processos de luta material. A revelação divina, porém, desenvolve-se com a própria alma do homem, porque a infinita sabedoria não nos esmaga com sua grandeza, nem nos enceguece com a sua luz, esperando que nós mesmos, ao preço de esforço e trabalho, na escola do progresso, nos habilitemos a suportar o conhecimento superior, estendendo-lhe a claridade e realizando-lhe os objetivos. Em razão disso, foi o próprio codificador quem definiu em nossa Doutrina um templo de postulados que a evolução se incumbiria de honorificar em constante expansão, nela plasmando não apenas o altar da fé renovadora que nos religa ao Cristo de Deus, mas também o acesso ao campo aberto da indagação filosófica e científica, para que não estejamos confinados ao dogmatismo enregelante e destruidor. Não edificaremos por nossa vez, no santuário espírita, senão aquele desdobramento necessário a todo serviço de luz e fraternidade, que iniciado a benefício das criaturas, a todas elas deve atingir no justo momento em obediência às leis da evolução, de que Kardec foi emérito defensor. Cabe-nos hoje tanto quanto ontem, estudar-lhe a obra regeneradora e vitalizante, a fim de que não nos percamos à distância da lógica e da simplicidade que lhe ditaram o ensinamento, e não nos empenharemos no cipoal da inutilidade ou da sombra porquanto, nele, o apóstolo do princípio, encontramos o roteiro seguro para a integração com Jesus, Nosso Mestre e Senhor. Emmanuel Do Livro: Doutrina e Vida Psicografia: Francisco Cândido Xavier Editora: CEU Oração Inicial: Jesus Amigo! Mais uma vez reunidos neste ambiente virtual, rogamos ao Teu coração que nos abençoe e ampare o estudo da noite de hoje. Ampara a nossa amiga Márcia Cordeiro, inspirando-a nesta noite. Que em Teu nome, mas acima de tudo em nome de Deus, iniciamos mais um estudo do Canal Espiritismo Estudos. Assim Seja! Exposição: A três de outubro a família espírita recorda agradecida o nascimento de Léon Hippolithe Denizard Rivail, o Allan Kardec, na cidade de Lion, na França. Durante uma existência de 65 anos, dedicou-se ao ensino em várias frentes popularizando métodos facilitadores da aprendizagem. Após sua formação na escola de Pestalozzi, em Yverdun, Suíça, dedica-se a publicação de numerosas obras de educação sobre diversos temas: aritmética, gramática, química, física, astronomia, fisiologia e chega a instituir em sua residência cursos gratuitos dirigidos a quem se interessasse em adquirir mais conhecimento e progresso. Tinha como objetivo esclarecer as massas e ligá-las cada vez mais a família e ao país. São passados quase 200 anos de seu nascimento e todos que tomam contato com a Doutrina Espírita através de suas obras, sentem-se profundamente ligados aos seus objetivos reeducadores do homem. A Doutrina é dos Espíritos mas é Kardec que nos facilita a compreensão dos seus postulados. Após tomar contato com o fenômeno mediúnico das mesas girantes em 1855, dedica-se ao estudos dos fenômenos com tal empenho, que o resultado desses estudos são publicados a 18 de abril de 1857 como o Livro dos Espíritos. Essa obra reúne todo o fundamento filosófico e conseqüências da existência de um mundo invisível povoado pelas almas que foram homens e continuam existindo. Ao tomar contato com as mesas girantes, Kardec declara ter compreendido logo a gravidade da tarefa que iria empreender. Afirma, que um dos primeiros resultados da observação dos fenômenos, foi compreender que os espíritos não possuíam a soberana sabedoria, nem a soberana ciência e que o seu saber era limitado ao seu grau de adiantamento, assim como a sua opinião ao valor de opinião pessoal. Em notas biográficas publicadas no livro Obras Póstumas, ensina que compreendeu a importância de conhecer o estado do mundo invisível e os seus costumes. Declara ainda que partindo desses dois pontos: o reconhecimento da limitação dos espíritos e a necessidade de visão clara sobre as leis que regem o mundo invisível, resolveu observar, comparar, julgar todas as revelações obtidas através dos médiuns. Utilizando essa metodologia, com a contribuição de diferentes médiuns, em diferentes ocasiões, obteve um enorme acervo de dados fidedignos sobre o mundo dos espíritos e suas leis. Todos aqueles que desejam compreender as relações entre os espíritos e os homens não podem desconhecer a obra de Allan Kardec: O Livro dos Espíritos, editado a 18 de abril de 1857; O Livro dos Médiuns, editado em Janeiro de 1861; O Evangelho Segundo o Espiritismo, editado em abril de 1864 ; O Céu e o Inferno, ou A Justiça de Deus Segundo o Espiritismo, editado em agosto de 1865; A Gênese, os milagres e as predições, de janeiro de 1868, e a Revista Espírita, Jornal de Estudos Psicológicos, publicada a partir de janeiro de 1858 até 1869, sob a direção de Kardec. Só o desencarne a 31 de março de 1869 interrompeu sua atividade de divulgador das revelações do mundo invisível. Em maio de 1869, décimo segundo ano de existência da Revista Espírita, o Desencarne de Allan Kardec era noticiado com o testemunho dos seus contemporâneos que vale a pena conhecer. "Morreu como viveu: trabalhando. Há longos anos sofria de uma moléstia do coração que só podia ser combatida pelo repouso intelectual e alguma atividade material. Mas inteiramente dedicado ao seu trabalho, recusava-se a tudo quanto pudesse tomar-lhe o tempo, em prejuízo de suas ocupações prediletas. Nele, como em todas as almas fortemente temperadas A LÂMINA GASTOU A BAINHA." Camille Flamarion, renomado astrônomo do século XIX, discursava a beira do túmulo de Allan Kardec dizendo: "Allan Kardec era o que eu chamarei simplesmente o Bom Senso Encarnado". Raciocínio reto e judicioso, aplicava, sem esquecer, à sua obra, as indicações íntimas do senso comum. Era - pode-se afirmar - a primeira de todas e a mais preciosa, sem a qual a obra não poderia tornar-se popular. A imprensa da época, "Le Journal Paris" de 3 de abril de 1869 noticiou: A morte de Allan Kardec é notável por uma coincidência estranha. A sociedade formada por esse grande vulgarizador do espiritismo acabava de chegar ao fim (Sociedade Parisiense de Estudos Espíritas). Se é necessário conhecer e situar no seu tempo o homem Allan Kardec para correta compreensão do seu valor, faz-se imprescindível conhecê-lo através das judiciosas observações que se estendem em toda a sua obra, extraindo conseqüências das revelações do mundo espiritual. Antevendo as reações que as revelações dos Espíritos suscitariam na sociedade materialista, ele escreveu no item III da conclusão do Livro dos Espírito: "A que se deve atribuir o relaxamento dos laços de família e a maior parte das desordens que minam a sociedade, senão à ausência de toda a crença? Demonstrando a existência e a imortalidade da alma, o Espiritismo reaviva a fé no futuro, levanta os ânimos abatidos. Algumas pessoas dentre as mais cépticas, se fazem apóstolos da fraternidade e do progresso. Mas, a fraternidade pressupõe desinteresse, abnegação da personalidade. Onde há verdadeira fraternidade o orgulho é uma anomalia. Com que direito impondes um sacrifício àquele a quem dizeis que, com a morte tudo se acabará; que amanhã, talvez, ele não será mais do que uma velha máquina desmantelada e atirada ao monturo? Que razões terá ele para impor a si mesmo uma privação qualquer? Não será mais natural que trate de viver o melhor possível, durante os breves instantes que lhe concedeis? Dai o desejo de possuir muito para melhor gozar. Do desejo nasce a inveja dos que possuem mais, e dessa inveja à vontade de apoderar-se do que a estes pertence, o passo é curto. Que é que o detêm? A Lei? A lei, porem, não abrange todos os casos. Direis que a consciência, o sentimento do dever. Mas, em que baseais o sentimento do Dever, terá razão de ser esse sentimento, de par com a crença de que tudo se acaba com a vida? Onde essa crença exista, uma só máxima é racional: cada um por si, não passando de vãs palavras as idéias de fraternidade, de consciência, de dever, de humanidade, mesmo de progresso." Desse modo, ao comemorarmos a reencarnação desse espírito que luta pelo progresso da humanidade, estimulemo-nos a estudar e meditar seus ensinamentos. Eles se aplicam ao espírito humano em todos os tempos. Constituem a vulgarização das leis divinas para todos os homens. Encerram os elementos essenciais à felicidade. Honremos a memória do codificador conhecendo-lhe a obra e aplicando-a nas variadas circunstâncias de nossas existências. Que o Senhor Jesus nos abençoe os propósitos de elevação e progresso. Perguntas e Respostas: [01] Quando o Kardec assumiu que era o KARDEC ? Ou seja, quando ele disse que ele era o autor ? Até onde sei, ele usou o nome Kardec para não atrair o interesse dos cientistas, que, ao vê-lo como autor, teriam outros interesses. Em nenhum momento Kardec declarou-se autor do Espiritismo. A página de rosto de O Livro dos Espíritos declara que na obra encontram-se os princípios da Doutrina Espírita sobre a imortalidade da alma, a Natureza dos espíritos e suas relações com os homens, as leis morais , a vida presente, a vida futura e o porvir da humanidade - segundo os ensinos dados por Espíritos superiores, com o concurso de diversos médiuns - recebidos e coordenados por Allan Kardec. O Professor Rivail adota o pseudônimo de Allan Kardec para que as obras espíritas não fiquem ligadas a sua própria produção científica que já era extensa quando da publicação de O Livro dos Espíritos. Desde 1828 a 1849 suas sucessivas publicações tornaram-no um autor extremamente popular em seu país. [02] Não sei se tem algo relacionado ao tema, mas, pergunto: Qual a explicação para que a Doutrina Espírita tenha se difundido pouco na França e tanto no Brasil ? No século XIX, tanto a França quanto os Estados Unidos da América, eram os pólos propagadores das idéias do mundo invisível. Durante muitos anos num e noutro país os homens de ciência ocuparam-se dos diferentes fenômenos mediúnicos e das revelações trazidas através dos médiuns. Há centenas de obras publicadas até o final do século XIX. Como toda idéia espiritualizante, a Doutrina Espírita enfrentou e enfrenta o materialismo. Quando predomina os conceitos materialistas na mente e no coração dos homens ocorre momentâneo "esquecimento" das revelações espirituais. O inicio do século XX, a primeira grande guerra mundial faz ressurgir o espiritismo na França através dos trabalhos de Léon Denis. É a dor e o sofrimento estimulando a procura de consolo e respostas para a finalidade da dor. A expansão do Espiritismo está ligada a reflexão séria em torno da finalidade da vida. A Doutrina Espírita não se impõe como crença. Conquista o raciocínio e o sentimento daqueles que se propõem a conhecê-la e estudá-la. [03] Kardec recolheu mensagens de vários espíritos através de vários médiuns, logicamente, analisando-as. Por que acreditar que ele não cometeu nenhum erro ? Se eu compreendi a sua questão, penso que você se refere ao fato de Kardec como qualquer um de nós poder receber instruções falsas ou errôneas do mundo espiritual. A Leitura e o estudo da Revista Espírita vão evidenciando ao estudioso do espiritismo o que foram as relações de Kardec com espíritos e médiuns. Acompanhamos através dos muitos volumes a trajetória de diversos médiuns e vemos que alguns dos que inicialmente foram intermediários de instruções dos bons espíritos , perdendo a proteção superior, de acordo com o comportamento moral posterior. Essas observações é que dão peso as advertências de Kardec em O Livro dos Médiuns sobre a Influência Moral do Médium e a Obsessão. Nem todos os temas tratados na Revista Espírita tornaram-se fundamentos doutrinários. O conteúdo das obras doutrinárias é constituído pelas revelações concordantes obtidas através de diferentes médiuns, em diversas ocasiões. Essas mesmas informações são submetidas a análise crítica por Kardec, confrontando revelações com as descobertas da ciência e a lei moral do Evangelho do Cristo. A solidez desse conteúdo é comprovada na atualidade da obra espírita. Ao lermos, relermos, estudarmos os fundamentos doutrinários podemos compreende-los e aplicá-los nas circunstâncias atuais de nossa existência, mais de cento e cinquenta anos após a sua publicação. [04] Há realmente algum sentido em acreditar que Chico = Kardec ? Apesar de ser uma coisa inútil (talvez) à nossa evolução. Porém, alguém estaria mentindo. Ou o filho dele ou o discípulo dele. Um diz uma coisa e outro diz que recebeu mensagens que não era. O que digo é que haveria aí problemas com relação à seriedade de um desses dois. Allan Kardec ensina em O Livro dos Médiuns que uma das questões mais graves e sérias em mediunidade é a da Identidade dos Espíritos. Dedica todo um capítulo da obra a esta questão. Recordemos algumas de suas idéias expostas no capítulo em questão. Afirma ele que os espíritos, quando assim o desejam, dão provas de identidade de múltiplas formas. Várias obras psicografadas por Francisco Cândido Xavier trazem pormenorizados relatos de experiências só conhecidas pelo espírito desencarnado que se comunica e seus familiares. Muitas vezes os espíritos descrevem fatos acontecidos após o seu desencarne, como forma de reafirmar a imortalidade. Em O Livro dos Médiuns Kardec afirma que estabelecer a identidade de espíritos que não conhecemos pessoalmente quando encarnados, só pode ser feito de forma presuntiva. Isto é, o que o espírito revela está de conformidade com o espírito que ele diz ser? Se há concordância de idéias, sentimentos podemos presumir que ele seja o personagem do qual usa o nome ou outra individualidade que responde em seu nome, com sua autorização. Kardec insiste em que a mensagem, é o mais importante. Apliquemos o mesmo raciocínio a sua questão: Francisco Cândido Xavier seria a reencarnação de Allan Kardec? Como saber? No estudo de provas reencarnatórias diversos estudiosos assentaram-se nos relatos de fatos recordados pelo reencarnante que são confirmados. Desconheço relatos de Francisco Cândido Xavier dizendo-se reencarnação de Allan Kardec. Se a informação é mediúnica, apliquemos a metodologia de Kardec: aguardemos confirmação através de diferentes médiuns em diversas ocasiões. Parece-me ser questão que necessita de tempo para ser resolvida. Oração Final: Senhor, mais uma vez te agradecemos a oportunidade do estudo da Doutrina Espírita. Ampara a todos que aqui estiveram, levando as nossas vibrações de carinho e agradecimentos a figura de Allan Kardec, por tudo que podemos hoje conhecer e por tudo que ainda iremos estudar. Sendo assim, em Teu nome, mas com as bênçãos de Deus e Sua permissão, encerramos os nossos trabalhos na noite de hoje. Graças a Deus!