ESTUDO ESPÍRITA PROMOVIDO PELO IRC-ESPIRITISMO HTTP://WWW.IRC-ESPIRITISMO.ORG.BR CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS HTTP://WWW.CELD.ORG.BR TEMA: “ O DIVÓRCIO.” O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – CAPÍTULO XXII, ITEM 5. EXPOSITOR: FERNANDA LIMA JOÃO PESSOA 05/02/2005 Prece Inicial: Buscando asserenar nossos corações e deixando-o aberto para que possamos, junto à Espiritualidade Amiga, bem aproveitar os ensinamentos da noite, agradeçamos ao Pai de Amor e Bondade, por todas as oportunidades que nos dá para que possamos crescer, evoluir e progredir, rumo ao nosso melhoramento e aperfeiçoamento Espiritual. Roguemos para que nossa amiga Fernanda sinta-se abraçada e iluminada, a fim de conduzir o nosso processo de conhecimento de hoje. Que juntos possamos nos deixar envolver pela Luz e paz. Que a paz esteja conosco nesta noite e sempre Exposição Boa noite a todos, um prazer poder estar estudando junto com vocês o tema da noite, O divórcio, cuja referência é "O Evangelho Segundo o Espiritismo", cap. XXII, item 5. Para falarmos em divórcio, precisamos inicialmente pensar na formação do casal, no casamento. Sabemos que duas almas podem se unir na Terra por um compromisso assumido anteriormente, com objetivos que podem ser desde tarefas a serem desempenhadas em conjunto, como a educação de filhos, por exemplo, até recuperar o respeito e o amor perdidos nos caminhos tortuosos do passado espiritual. O casamento é, principalmente, o encontro de duas almas que precisam juntas aprender a aparar arestas, a descobrir o caminho, a alimentar o amor plenos de um sentimento de luta e de confiança, acreditando sempre que se dermos o melhor de nós com amor e desinteresse será sempre o melhor que nos retornará, senão nessa existência numa próxima, é a oportunidade abençoada de desenvolvermos laços de afeto. O estudo da Doutrina Espírita nos mostra que os casamentos na Terra não se dão unicamente pela aproximação de espíritos simpáticos, há uniões provacionais, em que se aproximam pelos laços conjugais individualidades comprometidas por sérios desvios afetivos de vidas anteriores, pelo nosso livre arbítrio provocamos uniões apoiadas em interesses outros que não os laços afetivos, ou do amor. Ou ainda, aquela união que estava programada para nosso aprendizado. Não sabemos quais laços unem as pessoas, se voltados ao caminhar juntos, ajudando-se mutuamente, amparando-se um ao outro, ou laços de reajustes, de correção de erros passados, ou ainda, se a união foi apenas fruto de interesses inferiores e mundanos.Só os envolvidos poderão avaliar. O casamento é um compromisso que requer empenho e abnegação para ser mantido, pois ainda somos seres muito individualistas e temos dificuldade de conviver em harmonia, e ceder quando é preciso. Por outro lado, quando nosso orgulho nos leva a terminar o respeito, quando não há mais amor, carinho e desejo e sentimentos negativos nos aprisionam, como o ciúme, a inveja, a Doutrina Espírita não é contrária ao divórcio, mas também em momento algum estimula a esta prática. "O divórcio é Lei humana que tem por objetivo separar legalmente o que já, de fato, está separado." A separação dos casais em atritos é uma possibilidade de resolução dos conflitos que se estabeleceram dentro do lar, embora, culturalmente, mais pela influência das idéias religiosas predominantes em nossa sociedade, seja uma opção de intenso sofrimento. E a possibilidade de cultivar a afeição e o respeito se torna impraticável e o ambiente familiar, em conseqüência disso, passe a apresentar predominantemente as vibrações de ressentimento, raiva, ódio e outros sentimentos semelhantes, é melhor optar pelo rompimento do compromisso, ainda que isso represente um adiamento na resolução do acordo assumido. Esse compromisso afetivo adiado deverá ser retomado mais tarde, nesta ou em outra vida, quando as criaturas já se encontrem melhoradas pelo processo evolutivo, resultando numa união mais viável, podendo ser em funções familiares diferentes. Allan Kardec, em O Evangelho Segundo O Espiritismo, tem uma visão muito compreensiva dos problemas humanos e aceita claramente o divórcio, que nada mais é que a concretização exterior do que já havia acontecido na intimidade. Quando a lei do amor não é considerada, não se pode dizer que Deus uniu o casal. O divórcio é uma lei humana que vem unicamente confirmar uma situação que já existe e que, se calamidades da alma pendem sobre a casa, não se dispõe de outra providência mais razoável para recomendar, além dessa. O Livro dos Espíritos, de Allan Kardec, vai ainda mais fundo na questão: Diz que nos equivocamos ao acreditar que Deus nos obriga a viver com quem nos desagrada. Indagado por Kardec, os espíritos concordam que quase sempre há uma vítima inocente, mas a sua infelicidade recairá sobre aqueles que lhe deram causa. (O Livro dos Espíritos – Uniões Antipáticas – Perguntas 939 a 940) Vejamos o que nos dizem os espíritos em "O Evangelho Segundo o Espiritismo": O DIVÓRCIO 5. O divórcio é lei humana que tem por objeto separar legalmente o que já, de fato, está separado. Não é contrário à lei de Deus, pois que apenas reforma o que os homens hão feito e só é aplicável nos casos em que não se levou em conta a lei divina. Se fosse contrario a essa lei, a própria Igreja seria obrigada a considerar prevaricadores aqueles de seus chefes que, por autoridade própria e em nome da religião, hão imposto o divórcio em mais de uma ocasião. E dupla seria aí a prevaricação, porque, nesses casos, o divórcio há objetivado unicamente interesses materiais e não a satisfação da lei de amor. Mas, nem mesmo Jesus consagrou a indissolubilidade absoluta do casamento. Não disse ele: "Foi por causa da dureza dos vossos corações que Moisés permitiu despedísseis vossas mulheres?" Isso significa que, já ao tempo de Moisés, não sendo a afeição mútua a única determinante do casamento, a separação podia tornar-se necessária. Acrescenta, porém: "no princípio, não foi assim", isto é, na origem da Humanidade, quando os homens ainda não estavam pervertidos pelo egoísmo e pelo orgulho e viviam segundo a lei de Deus, as uniões, derivando da simpatia, e não da vaidade ou da ambição, nenhum ensejo davam ao repúdio. Vai mais longe: especifica o caso em que pode dar-se o repúdio, o de adultério. Ora, não existe adultério onde reina sincera afeição recíproca. É verdade que ele proíbe ao homem desposar a mulher repudiada; mas, cumpre se tenham em vista os costumes e o caráter dos homens daquela época. A lei mosaica, nesse caso, prescrevia a lapidação. Querendo abolir um uso bárbaro, precisou de uma penalidade que o substituísse e a encontrou no opróbrio que adviria da proibição de um segundo casamento. Era, de certo modo, uma lei civil substituída por outra lei civil, mas que, como todas as leis dessa natureza, tinha de passar pela prova do tempo. Também encontramos embasamento para nosso estudo em "O Livro dos Espíritos": 614 – Que se deve entender por lei natural? - A lei natural é a lei de Deus e a única verdadeira para a felicidade do homem. Ela lhe indica o que deve fazer e o que não deve fazer, e ele não é infeliz senão quando se afasta dela. 615 – A lei de Deus é eterna? - Ela é eterna e imutável quanto o próprio Deus. 616 – Deus prescreveu aos homens, em uma época, o que lhe proibiu em outra? - Deus não pode se enganar. Os homens é que são obrigados a mudarem suas leis, porque são imperfeitas. As leis de Deus são perfeitas. A harmonia que rege o universo material e o universo moral está fundada sobre as leis que Deus estabeleceu para toda a eternidade. 621 – Onde está escrita a lei de Deus? - Na consciência. 939 – Visto que os Espíritos simpáticos são levados a unir-se, como se dá que, entre os Espíritos encarnados, a afeição não esteja, freqüentemente, senão de um lado, e que o amor mais sincero seja recebido com indiferença e mesmo repulsa? Como, de outra parte, a afeição mais viva de dois seres pode mudar em antipatia e, algumas vezes, em ódio? - Não compreendeis, pois, que é uma punição, mas que não é senão passageira. Aliás, quantos não há que crêem amar perdidamente, porque não julgam senão sobre as aparências, e quando são obrigados a viver com as pessoas, não tardam a reconhecer que isso não é senão uma admiração material. Não basta estar enamorado de uma pessoa que vos agrada e a quem creiais de belas qualidades; é vivendo realmente com ela que podereis apreciá-la. Quantas também não há dessas uniões que, no início, parecem não dever jamais ser simpáticas, e quando um e outro se conhecem bem e se estudam bem, acabam por se amar com um amor terno e durável, porque repousa sobre a estima! É preciso não esquecer que é o Espírito que ama e não o corpo, e, quando a ilusão material se dissipa, o Espírito vê a realidade. Há duas espécies de afeições: a do corpo e a da alma e, freqüentemente, se toma uma pela outra. A afeição da alma, quando pura e simpática, é durável; a do corpo é perecível. Eis porque, freqüentemente, aqueles que crêem se amar, com um amor eterno, se odeiam quando a ilusão termina. 940 – A falta de simpatia entre os seres destinados a viver juntos, não é igualmente uma fonte de desgostos tanto mais amarga quanto envenena toda a existência? - Muito amargas, com efeito. Mas é uma dessas infelicidades das quais, freqüentemente, sois a primeira causa. Primeiro, são vossas leis que são erradas. Por que crês que Deus te constrange a ficar com aqueles que te descontentam? Aliás, nessas uniões, freqüentemente, procurais mais a satisfação do vosso orgulho e da vossa ambição do que a felicidade de uma afeição mútua; suportareis, nesse caso, a conseqüência dos vossos preconceitos. - Mas, nesse caso, não há quase sempre uma vítima inocente? - Sim, e é para ela uma dura expiação; mas a responsabilidade de sua infelicidade recairá sobre aqueles que lhe foram a causa. Se a luz da verdade penetrou sua alma, ela terá sua consolação em sua fé no futuro. De resto, à medida que os preconceitos se enfraquecerem, as causas de suas infelicidades íntimas desaparecerão também. 695 - O casamento, quer dizer, a união permanente de dois seres, é contrário à lei natural? - É um progresso na marcha da Humanidade. 696 – Qual seria o efeito da abolição do casamento na sociedade humana? - O retorno à vida animal. A união livre e fortuita dos sexos é um estado natural. O casamento é um dos primeiros atos de progresso das sociedades humanas, porque ele estabelece a solidariedade fraternal e se encontra entre todos os povos, ainda que em condições diversas. A abolição do casamento seria o retorno à infância da Humanidade, e colocaria o homem abaixo mesmo de certos animais que lhe dão o exemplo de uniões constantes. 697 – A indissolubilidade absoluta do casamento está na lei natural ou somente na lei humana? - É uma lei humana muito contrária à lei natural. Mas os homens podem mudar suas leis: só as da Natureza são imutáveis. 701 – Qual das duas, a poligamia ou a monogamia, está mais conforme com a lei natural? - A poligamia é uma lei humana, cuja abolição marca um progresso social. O casamento, segundo os objetivos de Deus, deve ser fundado sobre a afeição dos seres que se unem. Com a poligamia não há afeição real, mas sensualidade. 774 – Há pessoas que inferem, no abandono dos pequenos animais pelos pais, que, entre os homens, os laços de família não são mais que um resultado dos costumes sociais e não uma lei natural; que devemos pensar disso? - O homem tem destinação diversa da dos animais. Por que, pois, sempre querer identificá-lo com eles? Nele há outra coisa além da necessidade física: há a necessidade do progresso. Os laços sociais são necessários ao progresso e os laços de família estreitam os laços sociais. Eis aqui porque os laços de família são uma lei natural. Deus quis que os homens aprendessem assim a amar-se como irmãos. 775 – Qual seria para a sociedade o resultado do relaxamento dos laços de família? - Uma recrudescência do egoísmo. Bibliografia: Autor : Allan Kardec Livro : O Evangelho Segundo o Espiritismo – Capítulo XXII Livro : O Livro dos Espíritos (questões numeradas) Prece Final: Deus de infinita bondade e misericórdia, ajuda-nos no entendimento do Teu divino amor, nos faz mais fortes, mais compreensíveis com a dor alheia. Nos enseja e nos estimula ao amor fraternal, nos tira dessas trevas da ignorância, nos permitindo ver a luz encenada por nosso mestre Jesus. Que a Tua bondade se faça em nós também, para que possamos atravessar esse rio caudaloso que hoje navegamos. Em nome do Teu amor, nos ajuda a servir com o único intuito de ser bom. Amparados pelo Teu amor, pelo amor do nosso mestre amado Jesus, damos por encerrado os estudos de hoje. Que assim seja!