ESTUDO ESPÍRITA PROMOVIDO PELO IRC-ESPIRITISMO HTTP://WWW.IRC-ESPIRITISMO.ORG.BR CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS http://www.celd.org.br TEMA:“ NÃO VIM TRAZER A PAZ, MAS, A DIVISÃO - II.” O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – CAPÍTULO XXIII, ITENS 16 A 18. EXPOSITOR: FLÁVIO MENDONÇA João Pessoa 07/05/2005 Oração Inicial: <@Flavio_Mendonca> Deus, Pai misericordioso, nos auxilia na tarefa de hoje, dando-nos mais discernimento para aprender e mais lucidez para transmitir os ensinamentos dos Espíritos amigos. Que a paz de Jesus nos envolva para que possamos compreender seu roteiro de amor, o Evangelho. Graças a Deus! Exposição: Queridos irmãos de ideal, é com imenso prazer que venho aqui esta noite para estudarmos juntos as lições de Jesus, nosso querido mestre e amigo. Que Deus nos abençoe a todos! A lição de hoje refere-se às questões 16 a 18 - Não vim trazer a paz, mas, a divisão I. – ESE Cap. XXIII. Não penseis que eu tenha vindo trazer paz à Terra; não vim trazer a paz, mas a espada; — porquanto vim separar de seu pai o filho, de sua mãe a filha, de sua sogra a nora; — e o homem terá por inimigos os de sua própria casa. (S. MATEUS, cap. X, vv. 34 a 36.) Ao observarmos as lições de Jesus como espíritos imortais, percebemos com mais propriedade seus ensinamentos e sua profundidade. Em geral, por analisarmos a Boa Nova com os olhos temporais, sua moral se nos apresenta estranha. Daí haver tantas controvérsias sobre o tema. Nas tradições orientais como, por exemplo, o Taoísmo e o Budismo, há toda uma perspectiva de imortalidade. Dentro desta visão, os ensinamentos dos seus mestres, em nada diferem dos de Jesus. No entanto, visto por uma prerrogativa imediatista e reduzida, abre espaço para interpretações equivocadas. Daí ele anunciar já naquele tempo, que a sua doutrina não traria de imediato a paz, mas sim o conflito. Nossa mente, escravizada na ignorância, por não está acostumada às realizações do espírito, mas sim afeita às necessidades materiais, quase sempre nos leva a inverter a realidade maior trocando por outra transitória. É o que os orientais chamam de maya ( Ilusão de que a realidade última é a matéria ). Ora, na perspectiva de ser a realidade esta que vivemos, através dos sentidos mais materiais, evidente que nosso julgamento nos remete a uma vida hedonista. Assim, compreendendo que por muito tempo viveríamos esta ilusão, Jesus lançou mão de uma visão de futuro, preconizando que lutaríamos para vencer nossas inclinações. Quando fala que não veio trazer a paz, mas sim a divisão, apenas constatava a nossa moralidade ainda inferior, nossa ignorância quanto a nossa realidade espiritual. Aqui no ocidente, tivemos ainda uma influência muito maior desta visão, pois, após o obscurantismo, veio o positivismo, trazendo uma avaliação de mundo totalmente material, onde a menor parte da matéria era o átomo. Newton, com sua avaliação deixava como legado, um mundo todo explicável pelas leis mecânicas da física de seu tempo. Desta forma influenciava todas as avaliações, tendendo-as a uma avaliação reducionista e mecânica em quase todos os campos do conhecimento humano. Na física, na química, na matemática, nas ciências mentais, nas artes, enfim, todo um arcabouço pronto para que as coisas seguissem um único curso. Estava implantado definitivamente no ocidente o paradigma materialista. A autocracia materialista determinava toda realidade científica, criando homens mecânicos e funções sem interação com a natureza. Outra possibilidade não poderia existir e nem ser cogitada, pois, o mundo estava absolutamente definido pelas leis newtonianas. Nesta perspectiva, e vindo de uma era de agitações religiosas obscuras, as leis newtonianas ganhavam total apoio da comunidade. Qual o espaço aí para uma doutrina transcendente? Qual a possibilidade de um mundo além da matéria? Tudo enfim, se reduzia às leis tirânicas da matéria. As religiões vigentes no ocidente, no máximo poderiam inferir sobre a questão, mas apenas para conter os ânimos daqueles que ansiassem por algo maior que as reduzidas leis. Estabelecia-se aí uma ditadura muda, onde qualquer um que se levantasse poderia perder seu status. No ocidente, as religiões atendiam perfeitamente a esta perspectiva. Pelo menos no que tange a sua disciplina. Desta forma, estaria ela mais a serviço da manutenção da idéia do que propriamente a levar ao homem a uma possibilidade mais precisa de transcendência. A teologia também se adaptou ainda mais as necessidades do regime, criando dogmas obsoletos, mas que atendiam aos anseios da época. Ao invés de levar o homem a Deus, mantinha-o na ignorância. Mas como todo caminho nos leva a Deus, a conquista da ciência também atenderia a esta necessidade espiritual. Iniciamos a era da física moderna, onde a matéria não era mais apenas pequenas bolinhas ajuntadas por determinadas forças, mas antes um agrupamento de forças que apresentavam caráter dual ( onda-partícula ). Nascia novamente a retomada do tempo perdido. O Ocidente, estafado de um modelo reducionista e mecânico, encontrava no Oriente idéias agora análogas. Parecia que o irmão mais novo finalmente começava a admitir que o mais velho é que estava com a razão. Hoje já sentimos a influência deste novo paradigma quando vemos ciências e terapias antes pouco cogitadas, atuando diretamente no cotidiano popular. São as terapias alternativas ( homeopatia, acupuntura, tratamento com florais, railki, etc. ). Na área da psicologia e da psiquiatria, temos o holismo predominando os diversos profissionais e seus livros. Até tradições reencarnacionista com o Espiritismo ou o Budismo ganha força no ocidente. Serão os sinais da grande transformação? Certamente faz parte de uma grande mudança, pois, depois, de tantos conflitos perpetrados em nome da ilusão materialista, o tempo começa a se encarregar de trazer novos ares aos seres terrenos. “Não vim trazer a Paz, mas sim a divisão”. Que visão paradigmática tinha Jesus! Espírito de alta elevação percebia aquilo que nós, espíritos estagiários da animalidade, não conseguimos ainda ver com precisão. Precisamos dar mais crédito a Jesus. Ainda mais agora que temos a possibilidade de compreender nossa condição como espíritos imortais. Não mais como homens-máquinas na perspectiva newtoniana, mas sim como co-partícipes dos nossos destinos. Na visão da ciência moderna, não somos mais marionetes da matéria. Nossa vontade, nossas escolhas podem determinar o nosso destino. E neste caso, mais uma vez, rendemos a Jesus novo crédito: “Se tiveres fé do tamanho de um grão de mostarda, direis a este monte para sair, e ele assim o fará”. O PHD em física quântica, professor Amit Goswani, traz uma nova idéia para substituir o “Penso, logo existo” do filósofo René Descartes, ele levanta a hipótese do “Escolho, logo sou”. Isso vem a favorecer a nova idéia que a ciência moderna tem ventilado. Somos finalmente livres, porém, responsáveis! É a fase do amadurecimento espiritual, onde Deus não mais define tudo, mas sim nos concede o direito de participar. Como um pai que ensinando ao filho, o chama para andar de bicicleta. Fim da ditadura afinal. Mas quanto tempo isso levará para se estabelecer nas mentes humanas? O tempo se encarregará disso. Mas uma coisa é certa, as luzes foram lançadas no palco da vida, e os atores, nós mesmos, faremos o teatro. Estaremos iniciando o fim da divisão preconizada por Jesus há dois mil anos, e adentrando na era da Paz? Será a renovação planetária? Estará, com todas essas reações, agonizante o materialismo? Tomara! Mas não esperemos que tudo se dê pacificamente. Muitas picaretadas ainda daremos no asfalto abrindo estrada a fora. Mas finalmente, o tempo de renovação chegou, e como disse Jesus: “Quem perseverar até o final, herdará a Terra”. Que assim seja! (t) Perguntas/Respostas: [01] - <+FuLaNuu> Qual o sentido prático de perseverar? Não o sentido demagogo, mas o prático. (t) <@Flavio_Mendonca> FuLaNuu, significa aquele que compreender que o mundo não se reduz a esta vida pequena, que a matéria é apenas um aspecto da vida, e que ela permanece eternamente na condição de espíritos imortais, herdará a Terra, ou seja, não se afligirá com os conflitos transitórios. (t) [02] - <+_KATATAU_25_PI_> O que Jesus quis dizer com essa frase então? “Não vim vim trazer a paz e sim a espada” <@Flavio_Mendonca> Ele sabia perfeitamente que nossa condição moral não aceitaria facilmente sua doutrina de renovação íntima, e que disso decorreriam muitos conflitos. Eis porque ele disse esta frase. (t) [03] - <+FuLaNuu> É realmente mais útil fazer o "mal" do que não fazer nada e ficar indiferente? (t) <@Flavio_Mendonca> FuLaNuu, tudo obedece a um relativismo. Mas podemos dizer que fazer o mal é se manter nas amarras da ignorância, preso aos mundos dolorosos dos conflitos íntimos. Portanto, fazer o bem é a receita oferecida por Jesus para que saiamos da roda reencarnatória para adentrar nos mundos ditosos.(t) [04] - <+H-Maduro> As chamadas "guerra santas" se encaixam neste tema: os desentendimentos entre algumas religiões também? (t) <@Flavio_Mendonca> Sim, fazem parte dos conflitos a que Jesus se referia. Mas veja, pessoalmente não concordo com as guerras serem entre as religiões. Em princípio o poder se camufla de religião para poder defender seus interesses. De religião, isso não tem nada. (t) [05] - <+FuLaNuu> Será mesmo que a transição para o "Reino dos Céus" será através de cataclismos físicos/geológicos ou só de cataclismos sociais?(t) <@Flavio_Mendonca> FuLaNuu, entendemos que a transformação já está em curso, e as dores serão morais. (t) [06] - <+[R]odrigo[C]> Nessa "transformação" aumentará a violência e os desastres? <@Flavio_Mendonca> [R]odrigo[C], teoricamente como foi dito na exposição, nos parece que o materialismo está agonizando, e neste ponto se agita, possibilitando muitos ajustes. Quando estamos reformando nossa casa, tudo fica agitado até que se conclua a obra. Analogamente podemos dizer que a Terra está em reforma. (t) [07] - <+diego_sp> Boa Noite a todos! minha pergunta é como entender a divisão nos dias de hoje? Dias em que o homem cada vez mais aprofunda-se nos domínios da matéria, nas pesquisas genéticas, na clonagem, na discussão do aborto, "brinca-se de Deus". Será que conceder a nós o direito de participar e interferir pode ser algo desastroso frente ao estágio de evolução em que se encontram os espíritos hoje encarnados na Terra? Ou esses "avanços" na área ciência (t) <@Flavio_Mendonca> diego_sp, no capítulo do Livro dos Espíritos, intitulado "Lei de Destruição", os espíritos nos mostram que o que chamamos de destruição, pode muito bem ser compreendido como transformação. É exatamente isso que está ocorrendo no planeta. Por isso tanta agitação social. Tudo isso tem um único fim: O Progresso moral do espirito. (t) [08] - <+DesKveT_> bom, queria saber o que acontece com a alma dessas pessoas que morrem nos desastres, desastres ocorridos devido a transição, como tsunami.? (t) <@Flavio_Mendonca> DesKveT_, embora isso não esteja ligado diretamente ao tema, e por ser de interesse geral, irei respondê-la. Tudo depende do estado íntimo do espírito após a morte. Se mais apegado, se mais egoísta, enfim, se estiver bem, a situação tende a ser semelhante. (t) [09] - <+[R]odrigo[C]> é justo tanta dor, digo, nessa transformação? (t) <@Flavio_Mendonca> [R]odrigo[C], seria de nos perguntarmos: Porque existe a dor? Ora, se somos regidos pela lei de causa e efeito, tudo que tiver de efeito foi criação nossa. A dor apenas atende a esta lei. Abençoada é ela, pois, através dela buscamos o alívio, e assim podemos sair da prisão da ignorância. (t) [10] - <+[R]odrigo[C]> e nas grandes catástrofes e guerras? <@Flavio_Mendonca> [R]odrigo[C], no capitulo citado do LE - Lei de Destruição, podemos entender que na verdade há apenas transformação. Mas para entendermos melhor esta questão, temos que observar as coisas pelo prisma de espírito imortal, onde a dor é apenas uma transitoriedade. (t) Oração Final: <@Flavio_Mendonca> Jesus, mestre amigo, agradecemos pelos teus ensinamentos. Que a tua bondade nos inspire hoje e sempre para que possamos nos tornar ferramenta justa para servir aos propósitos da bondade, da caridade e da justiça. Que assim seja! (t)