ESTUDO ESPÍRITA PROMOVIDO PELO IRC-ESPIRITISMO HTTP://WWW.IRC-ESPIRITISMO.ORG.BR CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS HTTP://WWW.CELD.ORG.BR TEMA:“ ABANDONAR PAI, MÃE E FILHOS.” O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – CAPÍTULO XXIII, ITENS 4 A 6. EXPOSITOR: Flavio Mendonça JOÃO PESSOA 12/03/2005 Prece Inicial: Pai Celestial, confiamos na Tua suprema sabedoria. Nos auxilia para que assimilemos o estudo da noite, nos tornando mais corajosos na sua prática. Jesus, amado mestre, amigo de todas as horas, que teus ensinamentos nos sirvam de porto seguro para trilharmos nossa jornada com vigor. Aos espíritos amigos, nosso agradecimento para o estudo de hoje, desejando que seu auxilio venha contribuir com o entendimento. Graças a Deus! Exposição: Queridos irmãos, estudantes das verdades eternas, é com imenso prazer que divido com vocês estes instantes de aprendizado e renovação fundamentados nos ensinos do Cristo. Que possamos juntos apreender tudo que estudaremos hoje, possibilitando a sua prática em nossas ações diárias. Que Jesus nos abençoe a todos! A lição de hoje refere-se à questão 4 a 6 do cap. XXIII do ESE - ABANDONAR PAI, MÃE E FILHOS. “IV. Honrai a vosso pai e a vossa mãe, a fim de viverdes longo tempo na terra que o Senhor vosso Deus vos dará” Eis aí o quarto mandamento de Deus expresso nas escrituras. Ora, se assim é, não seria uma contradição de Jesus falar em abandonar pai, mãe e filhos? “Não penseis que eu tenha vindo destruir a lei ou os profetas: não os vim destruir, mas cumpri-los: — porquanto, em verdade vos digo que o céu e a Terra não passarão, sem que tudo o que se acha na lei esteja perfeitamente cumprido, enquanto reste um único iota e um único ponto”. (S. MATEUS, cap. V, vv. 17 e 18.) Interessante observar que Jesus tenha dito que não veio destruir as leis, e ao mesmo tempo, nos ensina a abandonar os pais e irmãos. O que teria dito ele realmente? Non odit, em latim: Kaï ou miseï em grego, não quer dizer odiar, porém, amar menos. O que o verbo grego miseïn exprime, ainda melhor o expressa o verbo hebreu, de que Jesus se há de ter servido. Esse verbo não significa apenas odiar, mas, também amar menos, não amar igualmente, tanto quanto a um outro. No dialeto siríaco, do qual, dizem, Jesus usava com mais freqüência, ainda melhor acentuada é essa significação. Nesse sentido é que o Gênese (capítulo XXIX, vv. 30 e 31) diz: “E Jacob amou também mais a Raquel do que a Lia, e Jeová, vendo que Lia era odiada...” É evidente que o verdadeiro sentido aqui é: menos amada. Assim se deve traduzir. Em muitas outras passagens hebraicas e, sobretudo, siríacas, o mesmo verbo é empregado no sentido de não amar tanto quanto a outro, de sorte que fora contra-senso traduzi-lo por odiar, que tem outra acepção bem determinada. O texto de S. Mateus, aliás, afasta toda a dificuldade. — (Nota do Sr. Pezzani.) Bem, com este esclarecimento, podemos perceber que não se trata de uma estranha moral, mas sim de equívocos de tradução ou má interpretação dos textos evangélicos. Jesus sendo um ser elevado, não traria uma doutrina contraditória, mas sim coerente. Quando disse que deveríamos “amar” mais as coisas do Céu que as da Terra, estabelecia uma coerência com todo o seu postulado: vida após morte ( “Meu reino não é deste mundo” ). Ele queria mostrar que a vida perene e real é a vida do espírito e não a do homem encarnado que nada mais é do que um papel desempenhado transitoriamente quando assume uma persona. Jesus quando falava aos homens, transmitia ao espírito a sua mensagem. Eis porque ao olharmos os seus ensinamentos como espíritos imortais, sua moral passa a fazer sentido. Muito se escreve sobre Jesus, sua personalidade e sua moral, no entanto, sem o enfoque espiritualista em lugar nenhum se pode chegar. Toda a sua moral está pautada na premissa da vida futura, na dimensão espiritual. Por isso ele diz para não olhar pra trás, que ao abraçarmos a causa, não devemos nos voltar para a condição primária de onde migramos, pois, essa criaria embaraços para o espírito que pretende atingir a plenitude. Todo aquele que deposita na matéria a sua realidade vive sobre ilusão, pois, sendo toda matéria transitória, aceitá-la como única realidade é imaginar que tudo se acaba. Portanto, esta idéia gera conflito, gera medo, gera revolta no homem. Ao contrário disso, Jesus, o nosso grande psicoterapeuta, nos ensina que a paz interior, o reino de Deus está dentro de nós, ou seja, quando confiamos, quando temos lucidez da realidade do espírito imortal, passamos a depositar a nossa felicidade no que ele chamou de tesouros do Céu. Cultivamos não mais as coisas terrenas que são passageiras, efêmeras, mas sim os valores eternos do espírito imortal. Deixamos aí os conflitos interiores para vivermos uma plenitude espiritual, compreendendo que o Pai não nos dá uma serpente quando pedimos um peixe, uma pedra ao invés de um pão, pois, sendo Ele perfeito, perfeito também é sua obra. Jesus também compreendia que cada um tem seu “tempo” para atingir tal lucidez. Tanto que na parábola do semeador, aqueles que dão frutos, dão em proporções diferentes. Assim, pela medida de nossos esforços em nos melhorarmos, poderemos “amar” mais as coisas do Céu que as da Terra. Passaremos a não viver sobre a ilusão que a matéria nos impõe, mas sim lúcidos de nossa imortalidade e de nossas necessidades como espírito em evolução. Portanto, compreendamos que a moral do Cristo é a moral cósmica, ou seja, a força que ordena o Universo. Trata-se da maior sabedoria já implantada na Terra. Segui-la não atende a preceitos religiosos, mas é necessidade do espírito que precisa viver a paz a que foi destinado. Só pela compreensão de sua realidade, pode o espírito atender a premissa do Cristo quando disse: “Se não amardes mais as coisas do Céu que ao pai, mãe e irmãos, não receberás já aqui mesmo, na Terra, a recompensa celestial”. Ora, ele não se referia ao amor terreno, o apego pelas coisas ou pessoas, mas ao amar a lucidez, ter compreensão que o que chamamos de pai, mãe e irmãos, são espíritos que estão ligados a nós pelas sintonias da evolução, e que estarão sempre conosco na vida maior. Logo, vale mais construir uma condição eterna que viver pela transitoriedade frustrante da matéria. Que sejamos todos mais lúcidos desta realidade. Façamos brilhar a nossa Luz. Graças a Deus ! (t) Perguntas/Respostas: [01] No momento em que Jesus pergunta..quem são meus irmãos , quem é minha mãe..não estaria ele desmerecendo a família ? Jaelous_Kal, é exatamente disso que estamos falando. Jesus, na condição de mestre, aproveitava todos os momentos para ensinar o roteiro do amor. Ele não quis desmerecer seus parentes, mas antes mostrar que estamos irmanados pelos propósitos evolutivos, e não pelos laços de transitoriedade da matéria, da parentela. Lembremos que Jesus falava, não para o homem, mas para o espírito imortal que somos todos nós. (t) [02] Importante se faz não esquecer que o fato de deixar a família, como diz o Evangelho, para se dedicar ao trabalho no bem, não significa ignorar e se afastar de coração dos mesmos. Já que Jesus nos deu o maior exemplo disso enquanto esteve encarnado. Guest6891, pelo contrário, fazendo assim estamos contribuindo para a felicidade de todos, e que estaremos sempre ligados pelo verdadeiro laço, o amor, a solidariedade entre todos, espíritos imortais. [03] Jesus , com certeza o espírito mais evoluído que já pisou na terra, também passou pelas mesmas provações que nos , em capela? Jaelous_Kal, certamente Jesus passou por todas as etapas que também passaremos. Quanto a ele vir de Capela, perdão, mas não tenho tal informação para assegurar-lhe que sim. [04] As pessoas confundem muito o fato de você viver a vida de espíritos e por esse motivo acabar por ausentar-se do convívio familiar de maneira mais ostensiva com o não cumprimento do mandamento Honrar Pai e Mãe. o que pensa sobre isso? Guest6891, é o que dissemos: Honrar ao Pai e a mãe não significa apegar-se pelo parentesco, mas sim ser solidário ao espírito imortal. [05] Visto do ponto em que temos obrigações a cumprir com nosso circulo familiar , ao abandonarmos a família , sendo jovem não estaríamos deixando essas dividas pra outras encarnações subseqüentes? Jaelous_Kal, mas a proposta de Jesus não é abandonar aos pais, mas a valorizar o espírito em detrimento do parentesco. [06] Sim, não estou falando de Jesus , mas de nos estaríamos adiamos nossa tarefa, ao largar ela de lado , para outras encarnações? Jaelous_Kal, claro que sim, pois, ao largarmos eles de lado, estamos faltando com a caridade com aqueles que dependem de nós. Como toda ação gera uma reação, a falta de caridade gerará consciência de culpa pelo dever não cumprido. (t) Prece Final: <@Flavio_Mendonca> Pai amantíssimo, gratos te somos por mais uma noite de estudos. Que possamos, iluminados pela luz do Evangelho de nosso senhor Jesus, atuar na vida com mais justiça reconhecendo e sendo grato pelos benefícios que recebemos a todo instante. Que a Tua misericórdia seja alcançada por todos. Pelos que sofrem dos males da alma... pelos que estão nas prisões, principalmente as prisões das paixões. Que assim seja!