ESTUDO ESPÍRITA PROMOVIDO PELO IRC-ESPIRITISMO HTTP://WWW.IRC-ESPIRITISMO.ORG.BR CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS HTTP://WWW.CELD.ORG.BR TEMA:“ O DUELO II.” O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – CAPÍTULO XII, ITEM 12. EXPOSITORA: APARECIDA CRUZ RIO DE JANEIRO 22/01/2003 Dirigente do Estudo: Wania Flintz Oração Inicial: Jesus amigo, aqui estamos reunidos, buscando o esclarecimento, o entendimento , o conforto para as nossas dúvidas. Envolva com Tuas vibrações de paz e harmonia, a companheira Aparecida, que conduzirá o estudo da noite. Que a Tua misericórdia nos alcance hoje e sempre. Que assim seja! Mensagem Introdutória: PENSE E NOTE Se a cólera está alcançando você, reserve algum canto do cérebro em que você consiga pensar. Qualquer raciocínio rápido lhe trará serenidade para reconhecer a inconveniência da irritação. Se você pode refletir, perceberá, de pronto, que, ante a pessoa capaz de desequilibrar-lhe os sentimentos, a possibilidade de auxiliar, com mais segurança, está ao seu lado. Se alguém lhe trouxe prejuízos, esse alguém começou por lesar a si mesmo. Se você sofre agressão, o ofensor realmente não sabe que débitos contraiu com isso, sem que haja necessidade de se lhe agravar a situação. Azedume é ambiente para perturbação e enfermidade. Raiva, em muitos casos, é ponto de apoio a processos obsessivos. Intemperança mental é um espetáculo de fraqueza. A raiva diminuirá ou extinguirá os seus créditos de confiança. Em qualquer ocorrência desagradável, pense e acalme-se porque a cólera não auxilia a ninguém. André Luiz Do Livro: Busca e Acharás Psicografia: Francisco Cândido Xavier Editora: IDEAL Exposição: A mensagem de Santo Agostinho que vamos analisar hoje, nos traz alguns conceitos bastante profundos para a nossa reflexão. Vejamos! Segundo Santo Agostinho, o duelista é um covarde moralmente, porque lhe falta coragem para enfrentar as ofensas que lhe são dirigidas. Ainda relembra, que Jesus nos afirmava existir maior demonstração de honra e coragem, quando oferecemos a face esquerda àquele que nos bateu na face direita, entendendo-se oferecer a outra face, como dar uma oportunidade ao ofensor, de refletir sobre o que ele está fazendo. Santo Agostinho ainda nos lembra o momento em que Jesus é preso pelos soldados romanos no Monte das Oliveiras. Um deles é atingido por Pedro que lhe corta a orelha, e Jesus recompondo-a, adverte a Pedro, dizendo que ele recolocasse sua espada na bainha, porque aquele que matar pela espada morrerá pela espada. Santo Agostinho nos faz refletir afirmando ao final destes raciocínios: “Que coragem é essa que nasce de um temperamento violento, sanguinário e colérico; que diante da primeira ofensa reage bradando? Onde está a grandeza da alma daquele que, a menor injúria, quer lavá-la com sangue?” Afirma Santo Agostinho e continua... “No fundo de suas consciências uma voz lhes perguntará: - “Caim, Caim, que fizeste de teu irmão?” Ele responderá: - “Foi necessário o sangue para salvar a minha honra.” A mesma voz lhe retrucará: - “Tu quiseste salvá-la diante dos homens, por alguns instantes que ainda te restam para viver sobre a Terra e não pensastes em salvá-la diante de Deus! Pobre louco! Quanto sangue então vos pediria o Cristo por todos os ultrajes que recebeu. Santo Agostinho nos faz refletir mais, quando afirma: - “O último grito do Cordeiro ( Jesus ) foi uma prece pelos seus carrascos. Oh! Como Ele, perdoai e rogai por aqueles que vos ofendem.” Mais adiante, nos concita: - - “Amigos, lembrai-vos destas palavras: Amai-vos uns aos outros e então ao receberdes um golpe motivado pelo ódio, retribua com um sorriso, e ao insulto com o perdão. Certamente, o mundo se levantará furioso e vos considerará covardes, levantai a cabeça bem alto, e mostrai então que a vossa fronte também não temeria carregar-se de espinhos.” No final do texto, Santo Agostinho nos adverte: “Quando Deus vos criou, Ele vos deu o direito de vida e de morte, uns sobre os outros? Não, Ele deu esse direito somente à Natureza, para se reformar e se reconstruir; quanto a vós, nem mesmo vos foi permitido dispor de vós mesmos.” “Se Ele ameaça com sua justiça àqueles que desprezam a seus irmãos, quanto mais severa não será a pena para aquele que comparece diante Dele coma as mãos sujas do sangue de seu irmão;” Se não existem mais duelos como os dos séculos passados, onde para duelarem-se, dois homens marcavam dia e hora, com padrinho e alguns casos eram até registrados oficialmente, atualmente, os duelos mais ostensivos, existem entre os grupos ou pessoas de personalidades temperamentais, coléricas, quando se sentem atingidas nas idéias ou ideais que defendam ou participam, por exemplo: times de futebol, partidos políticos, religiões, brigas familiares, etc... Por ora, vamos dirigir nossos raciocínios e sentimentos para o estudo do duelo que acontece de indivíduo para indivíduo. A pessoa que não suporta uma ofensa é ainda uma alma imatura e muito presa aos instintos materiais. Ela não consegue entrever que é um espírito em passagem pela Terra. Quando isso acontece, o indivíduo tende a pensar que a natureza o fez assim e que não depende dele o modificar-se. Lembram aquela antiga letra musical? “- Eu sou eu. Foi meu pai quem me fez assim! Quem quiser que faça outro, se achar que sou ruim! “ Belo desculpismo para a alma que ainda não quer ter o esforço de buscar sua transformação pessoal. Infelizmente, também encontramos religiosos que colocam a culpa de seus gestos impensados/coléricos, no “Inimigo”( diabo), outra forma de fuga para não buscar o conhecimento de si mesmo e a transformação moral. Ainda que haja alguma interferência espiritual, a doutrina espírita nos mostra o caminho através do estudo sobre as obsessões ( O Livro dos Médiuns, capítulo 23 ), com a disciplina do nosso pensamento e com a transformação para melhor de nosso caráter, como nos liberar dessas influências, mas a condição dessa liberação depende fundamentalmente de nosso caráter e da nossa vontade. Daí o convite constante das instituições espíritas, conclamando aos seus adeptos o estudo continuado. Através dos estudos, aumentamos a nossa capacidade de , conhecendo a nós mesmos, distinguir os nossos pensamentos daqueles que nos são sugeridos, conforme nos instruem os espíritos. Além de fazermos estas distinções, nos fortalecemos moralmente pelo contato natural com os espíritos inferiores nós. A alma que já atingiu um certo grau de maturidade moral ou elevação, quando se vê ofendida pode até se assustar ou surpreender algumas vezes, mas com o conhecimento e o seu temperamento já trabalhados, domina mais facilmente suas emoções, daí o não revidar nem duelar verbalmente com quem o atingiu negativamente com palavras e atos. Ela tem plena convicção dos seus objetivos enquanto espírito encarnado, e se esforça ( ou não necessita mais se esforçar) para demonstrar que mais vale ser ofendido do que ser ofensor. Que pelo menos possamos raciocinar assim: “- Desta vez não sou eu quem está ofendendo.” Isso já não é o bastante para nossa alegria espiritual? Um outro fator que gostaríamos de citar são os textos espíritas ou as reuniões de tratamento espiritual ( desobsessão) onde os espíritos vem dar o testemunho do arrependimento que possuem, por não terem tido um pouco mais controle de si mesmos, nas situações que os levaram ao desencarne. Um outro raciocínio que os espíritos nos trazem, é este:1º- Por que estamos sendo ofendidos? 2º – Quem está nos ofendendo? No primeiro caso, os Espíritos nos convidam a raciocinar se nós mesmos, propositadamente ou sem perceber, provocamos o nosso ofensor com palavras ou atitudes ou situações, que o levam ao desequilíbrio emocional e consequentemente a nos agredir. No segundo caso, muitas vezes o nosso ofensor não está num dos seus melhores dias, trazendo dores atrozes para sua alma. Outras vezes são almas difíceis mesmo de se conviver , que não renunciam a oportunidade de revidar qualquer atitude de terceiros que lhes venham a incomodar. Em todos os casos, mesmo que a razão esteja conosco, o primeiro passo é nos mantermos “lúcidos”, evitando que o “o sangue nos suba à cabeça”. Em seguida, devemos sinceramente, pedir a ajuda dos nossos benfeitores espirituais e dos benfeitores espirituais do nosso ofensor, diante de tudo que já conhecemos com a doutrina espírita. Mesmo que o ofensor continue a nos agredir e desafiar perante terceiros, o que é para muitos, bem difícil de contornar-se, devemos ter firme em nosso pensamento, que com certeza a nossa postura pacificadora estará motivando a muitas outras pessoas a também terem posturas pacificadoras. Afinal, não é este um dos objetivos da doutrina do Cristo e, consequentemente da Doutrina Espírita? Lembremos Jesus: “Bem –aventurados os pacificadores, porque serão chamados filhos de Deus!” Uma boa fatia da nossa sociedade aguarda por estes exemplos, para se sentirem mais fortalecidos em suas convicções íntimas, ainda que não sigam nenhuma ideologia religiosa. Relembrando Santo Agostinho, para o homem do mundo, esta será uma postura de covardia. Mas que importa o julgamento dos homens que não enxergam além de seus horizontes limitados?! O processo fica um pouco mais difícil quando encontramos pessoas na vida profissional, entre a parentela, na casa espírita, na vizinhança e na família, que obstinadamente são contra tudo que pensamos e fazemos. Nestes casos para as almas mais sensíveis o processo é bem mais doloroso, moralmente falando. Resta-nos tentar compreender o ofensor na posição ou de alguém a quem prejudicamos no passado ( outras encarnações), ou alguém que realmente tem idéias e ideais contrários aos nossos (nada pessoal). Em ambos os casos temos um grande desafio, pois estaremos constantemente sendo antagonizados por outrem. Se não tivermos a força e a coragem moral para vencermos esse desafio, poderemos “vacilar” e criar problemas no trabalho profissional, na vizinhança, na casa espírita, ou na família. Nesses casos, muito nos auxiliarão a presença na casa espírita junto aos estudos e as tarefas que abraçamos, a prece por nós mesmos, para que nos fortaleçamos em fé, amor, resignação e discernimento, e, principalmente a prece por nosso antagonista, não nos esquecendo do papel importante do trabalho de irradiação ( atendimento espiritual para os lares) que a casa espírita nos oferece. No texto, Santo Agostinho, nos leva ainda a refletir quando nos afirma: “O último grito do Cordeiro ( Jesus) foi uma prece pelos seus carrascos. Oh!, como Ele, perdoai e rogai por aqueles que vos ofendem. ”Mais adiante: “... Amigos, lembrai-vos destas palavras: Amai-vos uns aos outros”, e então ao receberdes um golpe motivado pelo ódio, retribuam com um sorriso, e ao insulto com o perdão. Certamente, o mundo se levantará furioso e vos considerará covardes; levantai a cabeça bem alto, e mostrai então que a vossa fronte, também ela não temeria carregar-se de espinhos....” Que essas palavras firmes de Santo Agostinho vibrem em nossos corações, para que entendamos que estes bons espíritos muito aguardem de nós. Se para nós ainda é difícil agirmos conforme a proposta do Bem, da lei do Amor de Deus, pelo menos, já conhecemos o que Eles esperam de nós, daí para o próximo passo, que é o controle sobre as emoções , fica mais fácil. Se já controlamos a emoção, o próximo passo é não guardarmos rancor ou nos comprazermos com algo ruim que aconteça com o nosso ofensor, e, com a emoção bem trabalhada, dialogarmos com ele. Muitas vezes conquistamos grandes e sinceros amigos, pois quando retornam a lucidez se sentem felizes por terem encontrado alguém que os compreendeu, evitando assim conseqüências dolorosas para ambos. O nosso amigo Célio Gomes, cooperador do CELD, nos narrava em um de seus estudos, que um amigo seu, espírita por convicção, sofreu determinado dia a experiência difícil de uma colisão de um veículo com o seu, não tendo ele culpa alguma. Quando o motorista que causou a colisão foi se dirigir a ele muito ansioso, ele lhe pediu para que ficasse calmo, pois tudo estava bem. E , graças a Deus, não havia acontecido nada de pior ( em um dos carros havia crianças) . Quando o motorista percebeu a tranqüilidade do amigo do Célio, colocou as mãos na cabeça e disse: - Mas o que é isso?! Onde você aprendeu a fazer isso?! Eu colidi com o seu carro, estraguei toda a parte traseira e você ainda fala comigo com esta calma?!... O que é isso?! Como se faz isso?! Sua vítima explicou que era espírita e que entendia que nessas situações , nervosismo e personalismo não resolveriam o problema. Quando estamos convictos de nossa fé, que temos um grande objetivo a alcançar nesta vida, todas as coisas se tornam mais fáceis de serem trabalhadas. Não sabemos se o companheiro que provocou a colisão se tornou espírita ou não, mas o exemplo que recebeu de nosso amigo, com certeza ficou gravado em seu coração. E não é para isso, repetimos, que os espíritos que nos amam e que investiram em nossa atual encarnação esperam de nós?! Oração Final: Amigo Jesus, Mestre e Senhor de nossas vidas. Agradecemos a oportunidade do esclarecimento, da pacificação de nossas almas. Que as Tuas bênçãos recaiam sobre todos nós, fortalecendo nossos espíritos, diante das adversidades da vida. Que seja em nome de Cairbar Schutel, Gabriel Delane e da espiritualidade amiga que nos coordena, que possamos encerrar a atividade desta noite. Que assim seja!