ESTUDO ESPÍRITA PROMOVIDO PELO IRC-ESPIRITISMO HTTP://WWW.IRC-ESPIRITISMO.ORG.BR CENTRO ESPÍRITA LÉON DENIS HTTP://WWW.CELD.ORG.BR TEMA:“ O EGOÍSMO” “ O EVANGELHO SEGUNDO O ESPIRITISMO – CAPÍTULO XI, ITEM 12.” EXPOSITOR: PEDRO VIEIRA RIO DE JANEIRO 25/09/2002 Dirigente do Estudo: Adriana Berreiros Mensagem Introdutória: BENEFICÊNCIA E JUSTIÇA "E como vós quereis que os homens vos façam, da mesma maneira lhes fazei vós também." - Jesus - Lucas, 6:31. "Começai vós por dar o exemplo: sede caridosos para com todos, indistintamente; esforçai-vos por não atentar nos que vos olham com desdém e deixai a Deus o encargo de fazer toda a justiça, a Deus que todos os dias, separa, no reino, o joio do trigo." - Cap. XI:12. Examinando a beneficência, reflitamos na justiça que a vida nos preceitua ao senso de relações. Sem ela, é possível que os melhores empreendimentos sofram a nódoa de velhas mentiras cronificadas em nome da gentileza. Atravessas escabrosas necessidades materiais e, claro, te alegras, ante o auxílio conveniente, mas se a cooperação chega marcada pelo manifesto desprezo dos que te ajudam com displicência, como se desfizessem de um peso morto, estarias mais contente se te deixassem a sós. Caíste moralmente, ansiando levantar, e rejubilas-te, diante do apoio que te surge ao reerguimento, entretanto, se esse concurso aparece tisnado de violências, qual se representasses um fardo de vergonha para os que te supõem reabilitar, sentirias reconhecimento maior se te desconhecessem a luta... Choras, nas crises de provação que te fustigam a existência, e regozija-te, quando os amigos se dispõem a ouvir-te o coração faminto de solidariedade, mas se pretendem consolar-te, repetindo apontamentos forçados, como se fosses para eles um problema que são constrangidos a suportar, por questões de etiqueta, mostrarias mais ampla gratidão, se te entregassem ao silêncio da própria dor. A justiça faz-nos sentir que o supérfluo de nossa casa é o necessário que falta ao vizinho; que o irmão ignorante, tombado em erro, é alguém que nos pede os braços e que a aflição alheia amanhã poderá ser nossa. Beneficência, por isso, assume o caráter de dever puro e simples. Recomenda-nos a regra áurea: "faze aos outros o que desejas te seja feito." A sentença quer dizer que todos precisamos de apoio à luz da compreensão; de remédio que se acompanhe de enfermagem e de conselho em bases de simpatia. Em suma, todos necessitamos de caridade uns para com os outros, nesse ou naquele ângulo do caminho, mas é forçoso observar que se a beneficência nos traça a obrigação de ajudar, ensina-nos a justiça como se deve fazer. Emmanuel Do Livro: Livro da Esperança Psicografia: Francisco Cândido Xavier Editora: CEC Oração Inicial: Jesus, amigo nosso de todas as horas, rogamos ao Teu coração generoso que nos ampare, nos sustente e nos fortaleça durante a reunião da noite. Que Teus mensageiros da Paz, possam harmonizar nossos pensamentos, equilibrando nossos espíritos, preparando-nos para o estudo que será conduzido pelo Brab. Que possamos sair mais esclarecidos, mais consolados, mais confiantes. Inspire o nosso amigo, ampare-o na tarefa a ser realizada. Que de nossa parte, possamos lhe enviar pensamentos fraternos e Te agradecer por mais esta oportunidade de estudarmos, mesmo não estando na Casa Espírita. Que seja em Teu nome, em nome da espiritualidade que coordena este trabalho, mas sobretudo em nome de Deus, o início da reunião desta noite. Que assim seja! Exposição: Meus queridos amigos, muito boa noite a todos. Vamos hoje conversar um pouco sobre um tema que cala, direta e indiretamente nosso modo de convivência, de relação, de vida, como Espíritos: o egoísmo. Iniciaremos por pesquisar nos arquivos históricos da humanidade os grandes comportamentos, individuais e coletivos, que lograram êxito real e outros que ruíram dolorosamente, renegados ao esquecimento nas mentes das coletividades futuras. Lembramos dos grandes mestres da antigüidade, principalmente Sócrates, que, ao instruir, refletia. Era seu próprio crescimento o ato de ensinar e buscava na elucidação dos que o buscavam um meio de entender-se (conhecer-se) e, assim, preparar-se e formular sua visão do mundo. Lembramos dos povos antigos que utilizavam, por força da localização geográfica, as águas como fonte de riquezas e por elas conseguiam os contatos com outros povos e civilizações. Desde os tempos babilônicos até a península ibérica nos séculos XV e XVI - o contato continuava parecendo sinônimo de crescimento e aprendizado. Lembramos com tristeza os tempos fascistas, que, de postura diametralmente oposta a de Sócrates e dos grandes povos, se propunha ao isolamento, fazendo com que o povo germânico se cegasse à realidade que o cercava, na artificialidade de seu isolamento racial. Lembramos igualmente as posturas de toda sorte, separatistas, racistas e sectaristas em geral, sejam religiosas, étnicas ou econômicas, levando os povos e os corações ao endurecimento e à depressão, que caracteriza o mundo "moderno" do reino do vil metal. Viajamos pelos variados sistemas sócio-econômicos propostos por estudiosos, filósofos e sociólogos como forma de minimizar o sofrimento do homem, organizados ou impostos às sociedades, e verificamos que, mesmo o considerado dominante hoje - capitalismo - traz consigo uma profunda carga de infelicidade, refletida em doenças físicas e espirituais de toda sorte. Nos parece que o mundo, por milênios, vem buscando a resposta para suas buscas, sejam científicas, sociais ou pessoais, e que essas buscas têm sido sistematicamente escravizadas aos interesses individuais em detrimento dos coletivos, gerando um permanente clima de "salve-se quem puder", ou uma retração e retorno ao início. Seja pelo socialismo ou pelo capitalismo; pela raça caucasiana, negra ou oriental; pela filosofia cristã, budista ou hinduísta; pela maior ou menor riqueza de um país, o mundo continua doente e buscando uma solução para sentir-se em paz. Parece que o medo de crescer nos faz surdos aos exemplos variados que nos trouxeram os homens de bem ao planeta, demonstrando por seu próprio esforço que a caridade é, quando nada aos corações endurecidos, pelo menos uma demonstração de inteligência. Que o isolamento, seja de que sorte for, é um convite à estagnação e um dos principais responsáveis pelas contendas externas e principalmente internas, nos corações sofredores. Se a própria história do mundo ainda insiste, mesmo às vezes inutilmente, em nos mostrar que a união é a única forma de crescer, e muito mais do que isso, que o problema não está na circunstância exterior, mas na postura interior de desarmamento e doação, iniciando pelo próprio lar . Jesus nos traz mensagem e convite ainda mais profundo, nos mostrando que o egoísmo e o isolamento são também contrários à evolução do Espírito, a ponto de dizer aos seus discípulos, em afirmativa de inconfundível beleza: "O maior dentre vós é aquele que mais servir". A caridade, portanto, nos aparece como sendo o início da revolução que o Planeta Terra deve passar para que as verdadeiras melhoras que tanto se pede, e que continuam sendo propostas por sistemas e idéias filosóficas - louváveis, porém incompletas -, sejam efetivamente plantadas e possam florescer. Nesse ínterim verificamos que o trabalho inicia em nós, porque a sociedade é a união dos homens. Se vários vizinhos unidos se unirem e fizerem várias comunidades unidas, que fizerem vários municípios, estados, países e, no futuro, planetas, solucionaremos os problemas do mundo solucionando os problemas do homem. Quando o Cristo convida o homem a exemplificar o que diz seu coração, fala a todos nós da necessidade de reforma, para que, enfim, tenhamos a coragem de olhar para fora de nós com a altivez e sem o medo para crescermos. E nesse contexto, como poderoso auxiliar no reformador da humanidade, entendemos o Espiritismo que sempre pregou: "Fora da caridade não há salvação". Salvação entendida não como algo místico, mágico ou conquistado por trocas, mas como conseqüência direta da própria mudança de comportamento que cria uma onda de reforma tão poderosa que gera no mal e no distúrbio a vergonha de existir, e faz com que se retire. Nesse ponto, seja capitalista ou socialista, seja negro ou branco, evangélico, católico, budista ou judeu, seja rico ou pobre, o mundo evoluirá unindo ao progresso a felicidade. O homem se encontrará consigo mesmo, achando no próprio coração o tesouro e a paz que sempre buscou em todos os recantos e tempos do planeta. Nesse ponto o sistema de governo será a caridade, e entenderemos, enfim, porque estamos aqui: engenheiros, médicos, dentistas, secretários, motoristas, advogados, amarelos, índios, ricos, pobres para aprendermos a nos amar. Vencendo o egoísmo entenderemos os recados que estão soando aos nossos ouvidos há tanto tempo e divinizados na palavra do Cristo: "O maior dentre vós será o que mais servir". Perguntas/Respostas: [01] Brab, a impressão que tenho é que o homem em seus estágios iniciais evolutivos, tal qual a criança pequena, traz um egoísmo meio que inato. Estaria certo pensar assim? Sim, porque o egoísmo é útil ao homem nos estados iniciais da evolução espiritual, porque ele representa seu instinto de conservação. Nessa fase o homem só tem arbítrio. Entretanto, à medida em que o homem adquire progresso intelectual (que, no entender dos Espíritos é a capacidade de distinguir o certo do errado),ele adquire, automaticamente, o livre-arbítrio, e o egoísmo passa a ser um sentimento não de conservação - porque ele já não precisa temer o desconhecido - mas de acomodação, de proteção psicológica contra o medo de crescer, de vinculação mental inferior, que não permite que avance além desse estágio. Com o progresso moral (que, no entender dos Espíritos é a opção pelo bem), evitando, assim que o livre-arbítrio se transforme em evolução (que só ocorre quando acontece progresso intelectual e sobre ele o progresso moral), ficando o indivíduo escravizado por si mesmo à inércia espiritual, até que desperte para a realidade de que Deus não o quer sozinho, mas com seus irmãos, para aprender e aprender a entender a finalidade por que ele mesmo foi criado: o amor. (t) [02] A fraternidade seria o sentimento extremo oposto ao egoísmo? Sentimento sim, ação não. Porque o sentimento de fraternidade não nasce senão pelo exercício e pela compreensão da caridade que, essa sim, se opõe ao egoísmo como ação, maneira de combatê-lo, já que a fraternidade não pode ser adquirida sem ela. [03] Qual seria um bom exercício para combatermos o egoísmo, visto que a caridade pode ser praticada de forma distante e com fins de aparência apenas, para "parecer" bom? Tudo o que é distante não interessa à evolução do Espírito. Então, ele mesmo, mais cedo ou mais tarde, será levado a buscá-la de coração. Não se pode enganar a Deus nem ao nosso próprio coração, porque a evolução não é uma dádiva, é uma conquista real, não trocável, não comprável, não escamoteável. Dessa forma entendemos que o exercício da caridade deve começar pelo próprio coração, sob a forma de uma prece buscando o esquecimento das ofensas. Depois, então, observar o ambiente do próprio lar como primeiro chamado à tolerância e ao entendimento. Após isso os trabalhos de assistência social, que saberão dar tarefas suficientes para encher várias encarnações de muito trabalho e aprendizado na direção da fraternidade pura. Considerações finais: O tema que versa sobre egoísmo toca diferentemente diversos tipos de pessoas. Quando formos falar a elas, saibamos entender em como, naquele momento, a palavra a favor da união irá surtir melhor efeito naquele que, mesmo sem saber, busca a felicidade. É uma questão de inteligência - para os estudiosos. A história já demonstrou sua eficiência - para os observadores. Os grandes homens da humanidade sempre agiram assim - para os idealistas. Foi a grande mensagem de Jesus - para os filosóficos e religiosos. A caridade encontra-se no centro de todas as renovações do mundo. Saibamos fazer de sua mensagem hoje uma mensagem de incentivo e de reflexão para os corações que nos cercam, com paciência e inteligência. Muita paz a todos. Oração Final: Senhor, ensina-nos: a orar sem esquecer o trabalho; a dar sem olhar a quem; a servir sem perguntar até quando; a sofrer sem magoar seja a quem for; a progredir sem perder a simplicidade; a semear o bem sem pensar nos resultados; a desculpar sem condições; a marchar para frente sem contar os obstáculos; a ver sem malícia; a escutar sem corromper os assuntos; a falar sem ferir; a compreender o próximo sem exigir entendimento; a respeitar os semelhantes, sem reclamar consideração; a dar o melhor de nós, além da execução do próprio dever, sem cobrar taxa de reconhecimento. Senhor, fortalece em nós a paciência para com as dificuldades dos outros, assim como precisamos da paciência dos outros para com as nossas dificuldades. Ajuda-nos, sobretudo, a reconhecer que a nossa felicidade mais alta será invariavelmente, aquela de cumprir-te os desígnios onde e como queiras, hoje agora e sempre. Nós pedimos aos bons Espíritos que nos acompanhe e nos amparem em nossos bons propósitos, colocando em nossos caminhos sempre a oportunidade de melhorar e melhor servir! Que assim seja! Emannuel