Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Tema: Natureza das Penas e Gozos Futuros - "O Livro dos Espíritos" - Questões 977 a 982 Expositor: Mauro Bueno Manaus 01/01/2000 Dirigente do Estudo: Mauro Bueno Oração Inicial: <@Safiri> Deus, nosso Pai, mais um ano se inicia e com ele muitas esperanças. Sim! Esperanças ... Nunca deixe-nos sem ela, pois é através da esperança que vamos construindo nossos sonhos, sem que notemos quão grandiosos eles se fazem dia a dia em nós. E pedimos também que permita-nos sempre, neste novo ano, estarmos prontos a aprender, a lutar pela nossa evolução. Que este ano seja um ano de muita luta nossa, pela reforma íntima. Vamos, então, neste momento, abraçar nosso irmão Mauro, que fará para nós a palestra de hoje. Que assim seja! Exposição: <@MBueno> O estudo de hoje nos arremete a algumas considerações iniciais: O que é culpa? Qual a sua função? Ela é benéfica ou maléfica? Em que nível? A culpa é um processo mental e por isto, acompanha o espírito após seu desencarne. A função da culpa é a mesma da dor física: demonstrar que algo está errado! Imaginemos o seguinte: Você, distraidamente, pousa a mão sobre uma quente chapa, mas não se dá conta, pois não sente dor. Com o passar do tempo toda a sua pele da mão está destruída, sem chances de recuperação. Você carregará uma deficiência a partir de então. A dor, neste caso, auxilia na manutenção do corpo, o remorso oriundo do sentimento de culpa traz consigo a mesma função e este é o limite em que ele deve existir. Um remorso excessivo é extremamente daninho, ele é chamado comumente de "remorso destrutivo". Tanto a falta do remorso, quanto seu excesso são prejudiciais. A falta nos levaria a continuarmos a cometer as mesmas faltas indefinidamente. O excesso leva-nos ao desequilíbrio emocional perigoso. Ao desencarnarmos, encontramo-nos em delicada situação: nossos pensamentos e nossos atos do passado estão a descoberto. O pior disto é que estamos especialmente a descoberto com relação àqueles com os quais contraímos débitos. Estes passam a ser os cobradores. E nos perseguem e os vemos incessantemente. Estes são os indutores de remorso nos espíritos onde há faltas a serem reparadas. No plano espiritual esta é a principal causa de bonança ou de martírio: o fim do sigilo, da privacidade. Mostramos a nossa cara, o que realmente somos, nossos erros e acertos. Este aspecto é fabuloso e é o que torna possível a separação das cidades espirituais de forma sistemática: bons e ruins, cada qual com seu grupo afim. Esta separação permite evolução em muitos campos diferentes, seja por permitir estudos de comportamento, como mecanismo de punição e ainda como medida de reabilitação. Reabilitar-se perante a própria consciência é a principal chave de bem estar, seja qual for o nosso nível de elevação espiritual. Se pudermos ressarcir os inimigos em tempo, o mais rapidamente possível, se pudermos retribuir generosamente o que tiramos de cada irmão que foi prejudicado por nós, se pudermos amar indistintamente a todos os que nos rodeiam, menores serão as nossas dores. E percebam: NÃO É NECESSÁRIO SER ESPÍRITA! O Espiritismo fornece instruções que nos auxiliam na tomada de decisões, mas nem de longe é o único caminho para a regeneração. O próprio "O Livro dos Espíritos" assim nos diz na questão 982. A crença no Espiritismo de nada basta. As nossas atitudes perante as faltas é o que realmente conta. Jesus ensinou sabiamente: Amai os vossos inimigos! Esta é a chave da consecução do remorso. Se tens um inimigo, reconcilia-te o mais rapidamente que o puderes. Ajude-o. Faça dele um amigo! Se ninguém tem nada de mal a dizer de nós, se não há peso em nossas consciências, se todos ao nosso redor tem um sentimento leve em relação a nós mesmos, bem, este é um ótimo início! O Mestre Jesus ainda dizia: "Amai-vos uns aos outros, assim como eu vos amei!". Ele é sempre um exemplo magnífico em todos os assuntos da vida. O que podemos dizer hoje a nós mesmos? Como estamos perante os nossos inimigos? Podemos desencarnar hoje, com plena consciência de dever cumprido? Quantos desgostam de nós? Vamos pensar sobre isto esta semana? Procurar reconciliar-se com alguém. Fazer de um desafeto um amigo. Que tal? Se pudermos, gradativamente, tornar os desafetos amigos, no mínimo em pessoas que não mais nos querem mal: Oh, que grandioso passo teremos dado em direção a felicidade. Irmãos queridos: Amemo-nos com toda a força de nossos corações. A salvação está lá, onde todos se querem muito bem e se ajudam incessantemente! Perguntas/Respostas: [01] <+FranzJosef> O anjo-da-guarda influencia no sentimento de culpa no sentido de nos alertar, talvez para um mal que teríamos feito, mas pela nossa ignorância, não compreendemos que o mal fora feito? (t) <@MBueno> O "Anjo de Guarda" (permita-me as aspas) tem função de orientar. Ele dificilmente se interporia numa coisa como esta. A consciência o faz de modo quase automático, mas quando falha, é "ajudada" pelo espírito daquele que foi prejudicado. As aspas foram para alertar que não temos efetivamente um espírito guardião que nos siga em tempo integral! Temos orientadores espirituais e espíritos familiares que estão muito freqüentemente ao nosso lado e nos influenciando beneficamente. O que um espírito deste faria é justamente isto: influenciar-nos à reconciliação! (t) [02] <+Baader> E quando sentimos satisfação na vingança? Exemplo prático: Estou processando uma pessoa (sobre a qual tenho sentimentos extremos, que vão do amor ao ódio). Sei que vai ser punida ao final do processo e me dá uma estranha satisfação o fato, mesmo sabendo que fui o prejudicado primeiro. (t) <@MBueno> Vou dividir sua pergunta em duas partes, OK? A primeira parte está no fato de você estar procurando justiça: Esta parte está correta! Os maus triunfam porque os bons deixam, conforme nos ensina "O Livro dos Espíritos". Devemos procurar a justiça, sim, mas ela não deve ser praticada por nossas próprias mãos. A justiça imperará infalível quando estivermos completamente evoluídos. A segunda parte de sua pergunta: a satisfação que sente parece estar ligada a vingança, mas na verdade não está! O que acontece é que, lá no fundo da consciência, percebe-se que o outro espírito vai se melhorar por ter de enfrentar as conseqüências de seus atos. Este sentimento bom de que a justiça está sendo feita também é benéfico. O que acontece que nos faz ligar o cumprimento da justiça à vingança é o fato ATÁVICO de que a "justiça" dos homens é questionável em muitos pontos. Vivemos muitas vidas (inclusive a presente), onde a "justiça" foi e é manipulada de forma grotesca! Os castigos não se encaixam perfeitamente aos erros! Sugestão: afaste o sentimento de vingança e compreenda o que está em sua consciência: Está feliz por que a justiça se cumpre e este espírito encontra uma forma de resgate de seus males. (t) [03] <+FranzJosef> Suponhamos que uma pessoa fez algo de errado no passado e não mais tenha como reparar o mal que fez, o que ela deveria fazer para não sentir mais culpa? (t) <@MBueno> Beneficiar outros, preferencialmente relacionados ao mal que praticou. Exemplo: Fez abortos. Ação: auxilie órfãos, entre em campanhas anti-aborto, ajude mães solteiras. As frentes são gigantescas pois o mal oriundo da ignorância espiritual está por toda a parte neste planeta. Temos compromissos a resgatar em praticamente todas as áreas da atividade humana. Ao distribuirmos amor exatamente na frente de trabalho que repara males semelhantes aos nossos, nossa consciência se aquieta, se asserena e seguimos em paz com ela. Mesmo que venhamos a recordar apenas após ao desencarnar. (t) [04] <+Baader> Gostaria que comentasse mais sobre o benefício e malefício da culpa. (t) <@MBueno> A culpa que nos leva a evolução, a correção de nossos erros, ao benefício de nossos irmãos prejudicados é BENÉFICA. A culpa que nos leva ao desequilíbrio emocional, a baixa auto-estima, ao enclausuramento, ao ódio a si mesmo é muito MALÉFICA. A culpa que leva ao remorso construtivo é boa. A que leva ao remorso destrutivo é péssima. A culpa que leva a percepção de um erro, que por isso, deixa de ser cometido é boa. A culpa que leva a devastação do amor próprio é ruim. (t) [05] <+Baader> Quando sentimos culpa, muito desses sentimentos se misturam e até se confundem. (t) <@MBueno> Por que ainda somos muito primitivos emocionalmente, Baader. Na medida que evoluímos, nossos sentimento se tornam mais claros e mais fáceis de se entender e de manejar. A razão apodera-se da emoção de forma construtiva. (t) [06] <+FranzJosef> Você teria um exemplo de culpa maléfica comum? (t) <@MBueno> Tenho sim, Franz. Bem, imaginemos a seguinte situação: Você trai a confiança de um amigo sincero! Este amigo, devido a sua traição, sofre danos irreparáveis. Você, num ápice de remorso, se suicida. Eis aí um exemplo de culpa maléfica! Algo que pode ter acontecido muitas vezes em nosso planeta, lembrando inclusive a possível situação Judas/Jesus. A culpa que o leva a cometer outro erro é maléfica. (t) [07] <@Ioio> Me explica algo: quando erramos, nos vitimamos, certo? Esta psicosfera que criamos é o "canal" para atrairmos aqueles que prejudicamos nesta situação? <@MBueno> A psicosfera tem muito a ver neste caso, porém não é única nesta ação. Ocorre que nossas atitudes e pensamentos estão a descoberto enquanto espíritos. Os espíritos que foram por nós prejudicados vêem isto com facilidade. E por isto tem ascendência moral sobre nós! A psicosfera permite que estes espíritos nos localizem, quais laços de amor também o fazem. Seja por ódio ou por amor, estes laços são como fios de linha a mostrar onde estamos. (t) [08] <@Ioio> Mas como eles nos "localizam"? <@MBueno> Estamos ligados por laços invisíveis. São "fios" nos comunicando mutuamente. Nesta caso, basta seguir a linha. (t) [09] <@Ioio> Como são formados estes laços? Eles são fluídicos ou do pensamento? <@MBueno> São laços do pensamento e não fluídicos. Não são "visíveis" nem sequer pelos outros espíritos. Talvez seja o único sigilo real no plano espiritual: a sua rede de relações. (t) [10] <@Ioio> Então é pelo sentimento de culpa? <@MBueno> Em parte sim, em parte não. Na verdade é pela junção dos dois: estado vibratório mais sentimento de culpa. (t) [11] <@Ioio> Bom, e se plasmamos o nosso pensamento, como uma tela mental? (t) <@MBueno> Se há culpa. Porém o sincero desejo de corrigir a falha, e um estado vibratório saudável auxiliando, os "inimigos" perdem a força. Vou explicar sua pergunta com um exemplo simples: Sabe aquela sensação de dejavu boa ou ruim que temos ao encontrar pela "primeira" vez alguém? Ela é causada essencialmente por estes laços dos quais falo. Estes laços tem sempre fundo anterior, seja de reencarnação, seja de compatibilidade vibratória e não são laços construídos de outra coisa senão o material dos pensamentos. (t) Oração Final: <@Naema> Amigos, vamos nesse momento agradecer por mais esta reunião, a primeira que realizamos nessa Novo Ano e desejar que possamos estar sempre abertos aos esclarecimentos da Doutrina Espírita, que tenhamos a proteção dos amigos espirituais para que nosso trabalho frutifique e que possamos continuar sempre em frente com ânimo renovado. Muita paz e luz a todos os freqüentadores dos canais de Espiritismo. Assim Seja!