Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Tema: Recordações da existência corpórea LE: 304 a 319 Expositor: Wania Flintz Rio de Janeiro - RJ 01/05/2004 Exposição: Boa noite aos amigos presentes! Que a espiritualidade amiga possa nos abençoar o estudo da noite. Muitas vezes trazemos em nossos espíritos, não o medo da morte propriamente dito, mas as angústias que a precedem e a nossa futura condição de espíritos desencarnados. Para onde vamos? Qual o nosso destino? Reencontraremos ou não com nossos queridos que nos precederam no caminho para a pátria espiritual?Que sensações nos aguardam? Que provas escolhi no momento da encarnação? Será que as cumpri integralmente ou apenas parte delas? A crença da imortalidade da alma é intuitiva , entretanto, muitas pessoas que nela crêem , demonstram grande amor às coisas terrenas e temerosas da morte. Por quê? Este temor é um efeito da Providência Divina e uma conseqüência do instinto de conservação comum a todos os viventes. É necessário enquanto não se está suficientemente esclarecido sobre as condições da vida futura, diminuindo à proporção que o homem a compreende melhor. A certeza de reencontrar seus amigos depois da morte, de reatar as relações que tivera na Terra, de não perder um só fruto do seu trabalho, de engrandecer-se incessantemente em inteligência, perfeição, lhe dá paciência para esperar e coragem para suportar as dificuldades da vida terrestre. A solidariedade entre vivos e mortos, faz-lhe compreender a que deve existir na Terra, onde a fraternidade e a caridade têm desde então um fim e uma razão de ser. Para libertar-se do medo da morte, se faz necessário penetrar, através do pensamento, no mundo espiritual, fazendo dele uma idéia tão exata quanto possível, de modo que possamos, gradativamente, nos desprender da matéria. Nos espíritos menos adiantados a vida material prevalece sobre a espiritual. Apegando-se às aparências, o homem não distingue a vida além do corpo, embora esteja no espírito, a vida real. Aniquilando-se o material, tudo lhe parece perdido e desesperador. O temor da morte, portanto, decorre da noção não errada, mas insuficiente, da vida futura, que mais se assemelha a uma idéia vaga, a uma probabilidade e não a uma certeza absoluta. Com exceção do suicida, todos os casos de desencarnação são determinados previamente pelos espíritos que orientam as atividades do homem sobre a Terra. A alma se desprende gradualmente do corpo, os dois estados se tocam e se confundem de maneira que os laços que prendem o espírito se desatem e não , como podemos pensar, se quebrem.. Por ocasião da morte, a princípio tudo é confuso, poderíamos comparar com uma pessoa que despertou de um sono profundo e procura orientar-se sobre sua situação. Precisa de algum tempo para entrar no processo de conhecimento de si mesmo. A lucidez das idéias e a memória do passado lhe voltam à medida que se apaga a influência da matéria que acaba de abandonar e à medida que dissipa a espécie de névoa que obscurece os pensamentos. Este tempo é variável de espírito para espírito . O espírito desencarnado recorda de suas vidas passadas de acordo com sua intenção e vontade , a vivem normalmente pelo esforço mental e direcionamento da sua vontade. Sabem que, muito do que nos interessa, ao espírito, de acordo com sua evolução, não interessa mais. Quanto mais desmaterializado estiver, tanto menos importância dará as coisas materiais. Lembram-se de fatos que mais possam auxiliá-los em sua evolução. Em relação ao apego do corpo físico, transcreveremos um trecho do livro Voltei, ditado pelo espírito Irmão Jacob, psicografia de Francisco Candido Xavier, Editora FEB . " ... Fitando, então, o corpo repousado e inerte, simbolizando o templo materno ao meu ser que ressurgia na espiritualidade, recordei, certamente inspirado pelos amigos que ali me socorriam, a enormidade dos meus débitos para com a carcaça que me retivera no Planeta por extensos e abençoados anos. Devia-lhe à cooperação precioso amontoado de conhecimentos, cujo valor inestimável naquela hora reconhecia.... Tranqüilizei-me. Comecei a considerar o corpo mirado e frio, como valioso companheiro do qual me afastaria em definitivo. Enquanto perdurou a nossa entrosagem, beneficiara-me ao contacto da luta humana. Junto dele, recolhera bênçãos inextinguíveis. Sem ele, por que processos continuaria o aprendizado? Fixei-o, enternecido..." Devemos ter sempre a preocupação de cuidar deste corpo que nos serve de veículo, nos auxiliando nas lutas da jornada, mas sem o apego obsessivo. O espírito lembra-se dos sofrimentos por que passou na vida corporal pois as lembranças da ultima encarnação não se apagam. Os sofrimentos pelos quais possa ter passado o ajudam a compreender a felicidade que pode ter enquanto fora do corpo. Para os mais evoluídos, sua pátria é o Universo, para os mais inferiores, ficam as sensações de que pertencem ainda aos pais que lhe acolheu na ultima existência. Como ilustração, citaremos alguns depoimentos retirados do Livro O Céu e o Inferno. Espíritos felizes: Sanson - Antigo membro da Sociedade Espírita de Paris, faleceu a 21 de Abril de 1862. Evocação - Meu caro Sr. Sanson, cumprindo um dever, com satisfação vos evocamos o mais cedo possível, depois da sua morte, como era do vosso desejo... Foste tão sofredor que podemos, penso eu, perguntar como vos achais agora...Comparando a situação de hoje com a de dois dias atrás, que sensações experimentais? Resposta: a minha situação é bem ditosa, acho-me regenerado, renovado, nada mais sentindo das antigas dores.A passagem da vida terrena para a dos espíritos deixou-me de começo num estado incompreensível, porque ficamos algumas vezes muitos dias privados de lucidez. Pergunta - Ao fim de que tempo recobrastes a lucidez das idéias? Resposta: ao fim de oito horas. Deus, repito, deu-me uma prova de sua bondade, maior que meu merecimento, e eu não sei côo agradecer-lhe. Pergunta: Que efeito vos causa o vosso corpo aqui ao lado? Resposta: Meu corpo volve ao pó enquanto eu guardo a lembrança de todos que me estimaram. Vejo-o como morada do meu espírito, provação de tantos anos! Obrigado, pois que purificaste o meu espírito! Pergunta: Conservastes as idéias até o último instante? Resposta: Sim. O meu espírito conservou as suas faculdades e quando eu já não mais via, pressentia. Toda a minha existência se desdobrou na memória... Espírito em condição mediana Sr. Cardon - Passara um aparte de sua vida na marinha mercante, como médico de navio baleeiro, adquirindo em tal ambiente idéias um tanto materialistas. Recolhido a uma determinada cidade, exerceu aí a modesta profissão de médico da roça. Pergunta: Fruis atualmente a felicidade que entrevistes? Resposta: Não;bem desejaria poder fruí-la, mas Deus não deveria recompensar-me de tal maneira. Revoltei-me muitas vezes contra os pensamentos abençoados que o coração me ditava e a morte parecia-me uma injustiça. Médico incrédulo, eu havia assimilado na arte de curar uma aversão profunda à segunda natureza, que é o nosso impulso inteligente, divino;para mim, a imortalidade da alma não passava de ficção própria para seduzir as naturezas pouco instruídas, embora o nada me espantasse. Pergunta: Logo após o desprendimento, reconhecestes o vosso estado? Resposta: Não; eu só me reconheci durante a transição que meu espírito experimentou para percorrer a etérea região. Isto porém não ocorreu imediatamente, sendo-me precisos alguns dias para o meu despertar. Finalizando, os espíritos nos lembram que a alma desencarnada procura as atividades que lhe eram prediletas nos círculos da vida material, procura as aglomerações afins com o seu pensamento, de modo a continuar o mesmo gênero de vida abandonado na Terra, mas tratando-se de criaturas viciosas, a sua mente reencontrará as obsessões de materialidade. Daí a necessidade de encararmos todas as nossas atividades no mundo como a tarefa de preparação para a vida espiritual, sendo indispensáveis à nossa felicidade, além do túmulo, que tenhamos um coração sempre puro. A morte não apresenta perturbações à consciência reta e ao coração amante da verdade e do amor dos que viveram na terra tão somente para o cultivo da prática do bem, nas suas variadas formas e dentro das mais diversas crenças. Não consideremos o título de aprendiz de Jesus um simples rótulo. Lembremos a exortação evangélica: " muito se pedirá de quem muito recebeu", preparando-nos em conhecimentos e obras do bem, dentro das experiências do mundo para a nossa vida futura, quando a noite do túmulo houver descerrado aos nossos olhos espirituais a visão da verdade, na marcha para as realizações da vida imortal. Muita paz aos nossos corações hoje e sempre!