Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Tema Crueldade, duelo. LE questões 752 a 759 Expositora: Deise Bianchini Amambai - MS 04/03/2006 Exposição: Boa noite queridos amigos. Nosso estudo de hoje corresponde às questões 752 a 759 de "O Livro dos Espíritos" - capítulo V I - Da lei de destruição - crueldade, duelo. Interessante a proposta de Kardec de falar sobre o duelo, tão em voga na época. Mas podemos até pensar que hoje é um tema desatualizado. Mas será que realmente o duelo acabou? Quantos duelos verbais vemos, e que causam tantos transtornos e resultados preocupantes. Não temos mais o duelo da honra , com hora marcada, mas temos a violência a qualquer hora quando a pessoa sente-se no direito de subtrair a vida de alguém ao puxar uma arma num simples acidente de trânsito. Ou mesmo quando nossos veículos são armas mortíferas. Os espíritos são muito claros ao nos falar sobre os duelos. 757. Pode-se considerar o duelo como um caso de legítima defesa? “Não; é um assassínio e um costume absurdo, digno dos bárbaros. Com uma civilização mais adiantada e mais moral, o homem compreenderá que o duelo é tão ridículo quanto os combates que outrora se consideravam como o juízo de Deus.” Kardec ao falar da crueldade oportunamente a coloca no capítulo da lei da destruição. “ A natureza ainda inferior do homem adiciona à destruição a crueldade, que vem a ser uma maneira materialista de ser, pois apenas experimentam as necessidades da vida do corpo os que agem cruelmente por não se darem conta da continuidade da vida em outros níveis. A crueldade deriva da falta de aplicação do senso moral, que gradativamente se desenvolve nos seres, cumprindo aos homens bons, já moralizados, pelas suas ações anularem a influência dos maus e pelos seus exemplos auxiliarem a transformação gradativa dessas criaturas. O desenvolvimento moral enfraquece o domínio das faculdades puramente animais, que predominam nos homens inferiores. Assim se abafa e neutraliza a sobreexcitação dos instintos materiais a favor do senso moral ainda incipiente dos pouco evoluídos. No meio dos bons, às vezes aparece uma "ovelha desgarrada", que nada mais é que um espírito inferior, disposto esperançosamente a melhorar, mas, não tendo estrutura, deixa-se levar pela predominância da sua natureza primitiva. Porém, com a sucessiva passagem em diversas experiências corporais, neste ou noutros mundos, todos os espíritos estão fadados a desenvolver as suas potencialidades divinas, que são atributos inalienáveis de todo o ser criado por Deus. “ (1) A nossa evolução moral nos anima pois vemos que mesmo em uma época onde ocorre o holocausto, a inquisição, o preconceito racial, encontramos também a bondade dos que desejavam libertar os que sofrem injustiças. Vamos observar na íntegra as questões de "O Livro dos Espíritos" (2): 752. Poder-se-á ligar o sentimento de crueldade ao de destruição? “É o instinto de destruição no que tem de pior, porquanto, se, algumas vezes, a destruição constitui uma necessidade, com a crueldade jamais se dá o mesmo. Ela resulta sempre de uma natureza má.” 753. Por que razão a crueldade forma o caráter predominante dos povos primitivos? “Nos povos primitivos, como lhes chamas, a matéria prepondera sobre o Espírito. Eles se entregam aos instintos do bruto e, como não experimentam outras necessidades além das da vida do corpo, só da conservação pessoal cogitam e é o que os torna, em geral, cruéis. Demais, os povos de imperfeito desenvolvimento se conservam sob o império de Espíritos também imperfeitos, que lhes são simpáticos, até que povos mais adiantados venham destruir ou enfraquecer essa influência.” 754. A crueldade não derivará da carência de senso moral? “Dize — da falta de desenvolvimento do senso moral; não digas da carência, porquanto o senso moral existe, como princípio, em todos os homens. É esse senso moral que dos seres cruéis fará mais tarde seres bons e humanos. Ele, pois, existe no selvagem, mas como o princípio do perfume no gérmen da flor que ainda não desabrochou.” Em estado rudimentar ou latente, todas as faculdades existem no homem. Desenvolvem-se, conforme lhes sejam mais ou menos favoráveis as circunstâncias. O desenvolvimento excessivo de umas detém ou neutraliza o das outras. A sobreexcitação dos instintos materiais abafa, por assim dizer, o senso moral, como o desenvolvimento do senso moral enfraquece pouco a pouco as faculdades puramente animais. 755. Como pode dar-se que, no seio da mais adiantada civilização, se encontrem seres às vezes tão cruéis quanto os selvagens? “Do mesmo modo que numa árvore carregada de bons frutos se encontram verdadeiros abortos. São, se quiseres, selvagens que da civilização só têm o exterior, lobos extraviados em meio de cordeiros. Espíritos de ordem inferior e muito atrasados podem encarnar entre homens adiantados, na esperança de também se adiantarem. Mas, desde que a prova é por demais pesada, predomina a natureza primitiva.” 756. A sociedade dos homens de bem se verá algum dia expurgada dos seres malfazejos? “A Humanidade progride. Esses homens, em quem o instinto do mal domina e que se acham deslocados entre pessoas de bem, desaparecerão gradualmente, como o mau grão se separa do bom, quando este é joeirado. Mas, desaparecerão para renascer sob outros invólucros. Como então terão mais experiência, compreenderão melhor o bem e mal. Tens disso um exemplo nas plantas e nos animais que o homem há conseguido aperfeiçoar, desenvolvendo neles qualidades novas. Pois bem, só ao cabo de muitas gerações o desenvolvimento se torna completo. É a imagem das diversas existências do homem.” Para complementarmos nosso estudo vamos ver o seguinte texto de Richard Simonetti (3): Miscigenação Cármica O desconhecido aborda um casal de namorados em rua de pouco movimento: - É um assalto! - fala, nervoso, exibindo enorme punhal. O rapaz, apavorado e inerme, deixa-se revistar explicando não ter dinheiro nenhum. O assaltante, após constatar que ele diz a verdade, desfere-lhe uma punhalada no abdômen e se afasta sorrindo, a explicar: - Isso é para você aprender a não andar “desprevenido”... ooo Numa delegacia o policial adverte o preso: - É bom você confessar logo, porquanto minha paciência tem limite. - Não fui eu! Vários golpes no rosto o derrubam. - Não fui eu! Pontapés distribuem-se pelo seu corpo... - Pelo amor de Deus! Piedade! Não fui eu!... A agressão prossegue, violenta, até que o infeliz desmaia. - Podem levá-lo. Continuaremos amanhã. Esse cretino há de confessar! Não haveria novo interrogatório. O preso morreu naquela noite, esvaindo-se em sangue.   ooo Bem cedo o furgão estaciona junto a um supermercado. O motorista afasta-se rapidamente. Passam-se várias horas. Quando maior era a concentração de pessoas que ali vinham efetuar suas compras, uma enorme explosão destrói o edifício, fazendo dezenas de vítimas. O veículo era um carro-bomba recheado de dinamite. Pouco depois, em comunicado aos jornais, uma organização terrorista assume o atentado. O detalhe horripilante: esperaram o momento em que o supermercado estivesse lotado, a fim de que maior fosse a repercussão! ooo Nos três episódios temos manifestações de crueldade, uma das facetas mais lamentáveis do Homem, em total desrespeito pelos direitos humanos, sobretudo aquele que é o fundamental: o direito de viver. Como justificar semelhante comportamento? Estamos diante de alienados mentais, aparentemente situados na normalidade, mas sempre na iminência de devastadoras crises? Certamente não! Ninguém, em circunstância alguma, nem mesmo em destrambelho mental, adotará comportamento incompatível com sua natureza. A crueldade não é sinônimo de loucura. Apenas revela uma condição evolutiva. Em indivíduos assim o senso moral é incipiente, prevalecendo neles as iniciativas do bruto, sempre dispostos a resolver suas pendências pela violência. O grande problema da atualidade é a concentração de Espíritos assim em meio civilizado, agindo segundo seus horizontes evolutivos. Se lhes faltam recursos de subsistência, tornam-se assaltantes e assassinos impiedosos; se atrelados a cargos policiais fazem-se torturadores frios; se contestadores da ordem social, atuam como terroristas sanguinários, que não vacilam na matança de inocentes. Embora constituam uma minoria, tumultuam, conturbam, espalham sofrimento e confusão, como lobos em meio de ovelhas. Muitos desses Espíritos estagiam entre nós por imposição de um carma coletivo. Na colonização das Américas os povos primitivos que aqui viviam aos milhões foram explorados e dizimados pelo homem branco. Roubamos seus pertences, suas terras, sua liberdade suas vidas... Sem o habitat natural eles reencarnam entre nós. Inadaptados para as disciplinas da civilização, não vacilam em agredir e matar para atender seus interesses e necessidades. A dificuldade é que todos os recursos mobilizados para contê-los resumem-se em aparatos policiais, impotentes para evitar que esses irmãos menos evoluídos vivam nas cidades como se estivessem na floresta. É preciso muito mais que isso! Quando todos nós, superando a indiferença que caracteriza o homem comum, compreendermos que viver em sociedade é, sobretudo, participar de iniciativas que visam ao bem estar coletivo, estaremos no caminho certo. Isso pode ser feito em vários níveis - religioso, filantrópico, profissional, cultural, artístico... - favorecendo sempre o desenvolvimento moral daqueles que convivem conosco, com a força irresistível do exemplo. Conhecemos delegados de policia vinculados a movimentos religiosos, particularmente os espíritas (porque o Espiritismo nos esclarece melhor a respeito do assunto), que conscientizam seus subordinados de que não é apenas ilegal, mas também imoral e contraproducente descer ao nível da brutalidade para lidar com os presos. Uma das iniciativas fundamentais nesse sentido é aquela que nos conduz ao encontro daqueles que foram marginalizados pela penúria, ajudando-os com recursos materiais e espirituais, bem como oferecendo-lhes os indispensáveis valores da educação, a fim de que os Espíritos imaturos que há em seu meio, como em toda a sociedade, não se disponham a resolver seus problemas apelando para a violência, a exercitar a crueldade com a mesma naturalidade que o homem culto e virtuoso exercita a bondade. Amigos, obrigada pela companhia e oportunidade! Fontes de consulta : 1. http://www.espirito.org.br/portal/cursos/cbe-adep/caderno08-lei-da-destruicao.html 2. "O Livro dos Espíritos" – Allan Kardec - http://www.febnet.org.br/file/135.pdf 3. Miscigenação Cármica - Richard Simonetti - Livro: A Constituição Divina (01/08/2005)