Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Tema: Duração das penas futuras I LE 1003 a 1009 Expositor: Pedro Vieira - Brab Rio de Janeiro- RJ 05/04/2003 Dirigente do Estudo da Noite: Naema Oração Inicial: <_Adriana__> Queridos amigos espirituais que acompanham este trabalho virtual nós vos pedimos o acompanhamento mais de perto deste trabalho que estamos por iniciar, pedimos que nos auxiliem a sintonizar com o palestrante, a fim de termos um melhor aproveitamento da exposição que nosso amigo maior Jesus se faça aqui presente, através dos bons amigos destinados a nos orientar, e que o amor que ele desvela por nós seja também capturado durante nosso momentos aqui, sentindo cada um de nós a fraternidade vibrando em nossas almas e percebendo a fortaleza que é termos nosso corações voltados para os bons propósitos, como estudar a doutrina espírita. Que nossa reunião seja o mais proveitosa possível! Obrigada e que assim seja! Mensagem Introdutória: DOR E PROGRESSO Fazer a apologia do sofrimento ao invés de exaltar-lhe a função, no momento, indispensável, para o processo de renovação espiritual, é perigo de derivação masoquista. Ignorar-lhe a realidade em todas as expressões da vida inteligente, significa fugir para estados utópicos de comportamento alienado. A dor é fenômeno natural a expressar-se em toda parte, em nome do progresso espiritual. Os seres vivos sofrem, inevitavelmente, o processo de desgaste, de transformação, de envelhecimento e de morte. Nas áreas da sensação e da emoção estes mecanismos se expressam em forma de dor, propiciando campo para as enfermidades que são, igualmente, um importante capítulo da vida em si mesma. No homem, face à presença da razão, e graças à anterioridade das experiências evolutivas, manifestam-se outras formas de aflição, que constituem impositivo para o autoburilamento moral, mediante o qual ele consegue liberar-se das constrições do sofrimento. E porque o amor ainda não atua conforme devera, eis que a dor é o buril que lhe lapida as arestas ou o cadinho que lhe purifica as mazelas. Mesmo quando o amor luz esparze suas bênçãos, o sofrimento segue-lhe ao lado, em razão das primeiras respostas que se recebem no clima moral da Terra, ainda hostil para as suas elevadas propostas. Por isto, a dor é a missionária incompreendida que trabalha continuamente para a ascensão espiritual dos seres... A única opção diante da dor é a atitude de resignação confiante, que gera a postura paciente e otimista. Com ela resolvem-se as situações mais graves e processam-se os mecanismos de superação, mediante os quais se adquirem a paz e a realização íntima. A dor, no entanto, aumenta ou diminue o volume e profundidade da sua ação, conforme a atitude emocional de quem lhe experimenta a presença. Ninguém que transite, no mundo, está indene ao seu operoso dever. Assim, enfrenta-a com uma disposição dinâmica, retirando da sua presença os melhores resultados para a tua elevação espiritual. Somente se sofre, porque se é imperfeito, devedor. Quando se adquire o amor, que tudo supera, a dor bate em retirada e o homem se torna pleno. Jesus, vindo ensinar-nos a arte de amar, padeceu as injunções do sofrimento, embora sem dele necessitar, a fim de que o seu exemplo digno nos constituísse a terapia eficiente para a aquisição da saúde total. Joanna de Ângelis Do Livro: Luz da Esperança Psicografia: Divaldo Pereira Franco Editora: Spirita Eldona Societo F. V. Lorenz Exposição: Primeiramente muito boa noite a todos. O que distingue um Espírito de um princípio inteligente de um animal, por exemplo? Não é a inteligência - já rudimentar nos animais; não é o sentimento - também rudimentar nos animais; nem a individualidade - já existente desde as espécies de répteis; nem mesmo a noção dessa individualidade - já observada em alguns símios. O que distingue o homem é sua capacidade de pensar em Deus. A partir do momento em que o homem coloca-se e entende-se como filho de Deus, mesmo rudimentarmente, abre seu arbítrio em livre-arbítrio, porque sua vida passa a ter um objetivo; entende-se como ser que morre (no corpo), mas começa a preocupar-se com o futuro. Já que o futuro passa a fazer sentido, em sua busca do Criador. E nessa busca, com certa ansiedade, sempre procuramos entender a Deus. A maneira acompanhou nossa capacidade de abstração e de compreensão de nós mesmos e da realidade que nos cerca. No início, o homem, vendo-se fraco, projetava sua consciência de Deus naqueles que lhe eram superiores materialmente. Foram os deuses dos fenômenos da natureza e dos grandes animais a governar sua vida. Para "garantir uma boa vida futura", colocava-se à disposição desses deuses, pedindo-lhes proteção para continuarem vivos. A partir do instante em que se entende como ser sentimental, elege para deuses mais uma vez a supremacia do que lhe parecia essencial: suas paixões. Deuses mitológicos que governavam e justificavam sua vida, buscando o prazer físico já recheado de sensações mais sutis, embora muito materiais. É a época dos deuses gregos e romanos. A noção de futuro acompanha naturalmente essa evolução de pensamento, demonstrando que a "vida futura" lhe seria tão melhor quanto menos atritos tivesse gerado entre os deuses, se submetendo à sua vontade. Mas só a partir do momento em que o homem torna-se um ser social, com a formação dos núcleos familiares que se estendem por povos, vendo a necessidade de se organizar intelectual e politicamente (o que corresponde historicamente ao nascimento da filosofia ou do livre-pensar humano) é que cogita a possibilidade, mais uma vez superlativada, de um Grande Administrador. O monoteísmo nasce da intuição que o homem tem, portanto, de que o Universo não é um mar de coisas aleatórias e de que se ele, imperfeito, consegue organizar sua vida, Deus deveria ser o Organizador Supremo, e, por isso, só poderia ser um. A intuição das penas e recompensas futuras acompanha, mais uma vez, essa evolução, mostrando ao homem que o futuro será tão mais ou menos severo quanto mais ou menos tiver se enquadrado nas rígidas leis estabelecidas de fora para dentro por esse Deus. Estamos na época de Moisés e do Deus Legislador ou Disciplinador. Com a vinda do Cristo, entretanto, a modificação do paradigma foi profundíssima, mostrando ao homem que o sofrimento partia dele, não por culpa de Deus, que é amoroso e bom, mas por culpa dos próprios homens. Jesus trouxe consigo, na segunda revelação a noção completa da RESPONSABILIDADE do Espírito perante si mesmo. Assim, levou a noção de penas e gozos futuros a um nível nunca antes adentrado: o da felicidade e infelicidade interiores. Sem entender, entretanto, a noção de Espírito, era impossível ao povo daquela época - nós ontem - compreender a exata significação das palavras do Cristo. Com o Espírito Verdade, com o prestimoso auxílio do Prof. Allan Kardec, as palavras de Jesus passaram ao significado exato, mostrando que Deus é bom e Pai mas não tendencioso ou subornável, mas Educador. A partir do momento em que nos entendemos como Espíritos imortais, além da carne, a noção de futuro também se nos afigura diferente. Entre esses dois últimos tempos, entretanto, muita coisa se modificou, principalmente impulsionado pela ciência. Por exemplo, a noção de tempo e de espaço modificada por força das teorias relativísticas do Sr. Albert Einstein, mostrando que o tempo e o espaço como conhecemos são ínfimos sub-conjuntos, tortos e moldáveis, da realidade que transcende nossa compreensão. Tão pequenos e moldáveis que mesmo matéria que conhecemos, por ocasião de velocidade altíssima, pode deturpá-los, aumentando o tempo e contraindo o espaço (teoria da relatividade restrita). A superlativação da noção de Deus, como vimos, ao longo da história e, como conseqüência, da noção de penas e gozos futuros, tem também reflexo nesses tempos. A punição - o Deus Educativo ainda não entrou em questão - deve ser o mais rigorosa possível. Não será material, já compreende-se. Como torná-la suprema? Pela supremacia do tempo. Eterna. E é assim que o homem encontrou forma de expressar a superlativação do sentimento de culpa, com um Juiz que tornaria sua vida infinitamente pior. Quando o Espiritismo traz a noção de Deus Educador, o processo se altera completamente. Primeiro porque o tempo é uma noção meramente e exclusivamente terrena. A superlativação dele só faz sentido num processo imperfeito da compreensão da realidade. O tempo só existe se relativo à evolução do Espírito. O "eterno" só existe se não houver modificação em quem vive o tempo: o Espírito. Se o Espírito se modificar, não existe "eterno". Se o Educador Supremo não possui mecanismos de ensinar um Filho Seu, seria ele mais incompetente que um professor ou pai terreno? O "eterno" não faz sentido para o Espírito como faz para o homem da Terra. Todas essas dúvidas agora fazem sentido. - O homem encarou seu futuro como legislado externamente e não internamente, por isso concebeu a noção de "punição" e "recompensa". O Espírito se coloca em punição dolorosa que, seguindo as Leis Perfeitas da Criação, serve para fazê-lo aprender. - O homem "eternizou" as penas por força da superlativação que sempre fez de Deus. A força de uma pena não está no tempo - noção terrena - mas na profundidade com que ela marca o Espírito por meio do arrependimento que deve ser despertado. - "Eterno" para o Espírito seria sinônimo de imutabilidade no erro, o que seria o mesmo que admitir que Deus é incapaz de ensinar a seus filhos. O Espiritismo nos mostra que Deus é Pai, Educador, que os sofrimentos e suas durações são proporcionais aos caminhos que nós escolhemos para aprender e que só têm por objetivo despertarnos. Retirar o "inferno" para colocar o "erro a ser resgatado" e o "céu" para colocar o "trabalho para o bem", dizendo ao homem que ele não é, como o animal, parte material, mas parte ativa, moral, da criação, responsável por seu sucesso e por seu fracasso perante si mesmo, seu próprio juiz. Daí dizermos que as penas futuras são reflexos de nossos erros e, educativas, possuem a duração necessária ao aprendizado. Só seria eternas se esse aprendizado nunca viesse. E compreendemos a beleza das Leis de Deus, na suprelativação, mais uma vez, do Amor do Universo. Oração Final: Vamos pensar em Jesus neste momento.. Acalmar nossos corações.. E perceber toda a proteção que recebemos.. Toda a vida sutil que nos envolve.. A beleza do mundo por traz do sofrimento.. Cada criatura participando do conjunto perfeito.. Agradeçamos pelas nossas possibilidades.. Entendamos as dificuldades benéficas.. Possamos agora ser melhores.. E ajudar a melhor os outros. Assim seja !