Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Tema: Da Lei de Liberdade LE 766 a 772 Expositor: Deise Bianchini Amambai - MS 05/08/2006 Oração Inicial: Agradecemos , Senhor, pela oportunidade de estarmos reunidos nessa noite. Que ela possa ser proveitosa e plena de aprendizado. Exposição: Boa noite queridos amigos, é muito bom termos a oportunidade de estudarmos nessa noite os conceitos passados a nós pelos espíritos, através da codificação de Allan Kardec. Hoje estaremos falando sobre a Lei de liberdade, que está contida em "O Livro dos Espíritos”, capítulo X, Da Lei de Liberdade, questões 825 a 832. Vamos colocar abaixo texto do Estudo Sistematizado da Doutrina Espírita Baseado em Publicação da FEB, para subsidiarmos a discussão da noite. (original em http://www.omensageiro.com.br/cursos/csde/54.htm) Idéias Principais: Liberdade é saber respeitar os direitos alheios. Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar. É contrária a Lei de Deus toda sujeição absoluta de um homem a outro homem. A escravidão é um abuso da força. É contrária a natureza a lei humana que consagra a escravidão, pois que assemelha o homem ao irracional e o degrada física e moralmente. Pois que tem a liberdade de pensar, tem igualmente a de obrar. Sem o livre-arbítrio o homem seria máquina. Síntese do Assunto: A liberdade é a condição básica para que a alma construa seu destino. A princípio parece limitada às necessidades físicas, condição social, interesses ou instintos. Mas, ao analisar-se a questão mais profundamente, vê-se que a liberdade despontada é sempre suficiente para permitir que o homem rompa esse círculo restrito e construa pela sua vontade o seu próprio futuro. Intrinsecamente livre, criado para a vida feliz, o homem traz, no entanto, inscritos na própria consciência, os limites da sua liberdade. Jamais devendo constituir tropeço na senda por onde avança o seu próximo, é-lhe vedada a exploração de outras vidas sob qualquer argumentação, das quais subtraia o direito de liberdade. A liberdade legítima decorre da legítima responsabilidade, não podendo triunfar sem esta. A responsabilidade resulta do amadurecimento pessoal em torno dos deveres morais e sociais, que são a questão matriz fomentadora dos lídimos direitos humanos. Pela Lei Natural todos os seres possuem direitos que, todavia, não escusam a ninguém dos respectivos contributos que decorrem do seu uso. A toda criatura é concedida a liberdade de pensar, falar e agir, desde que essa concessão subentenda o respeito aos direitos semelhantes do próximo. Ser livre, portanto, é saber respeitar os direitos alheios, porque desde que juntos dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar. Vivemos num planeta que se caracteriza pela predominância do mal sobre o bem; é um planeta inferior, onde seus habitantes estão submetidos a provas e expiações; daí ser comum que muitos Espíritos não possuem o discernimento natural para o emprego da liberdade que Deus lhes concedeu. A ocorrência de abusos de poder, manifestadas nas tentativas de o homem escravizar o próprio homem, nas variadas formas e intensidades, é o exemplo típico do mau uso desta lei natural. À medida que o ser humano evolui, cresce com ele a responsabilidade sobre os seus atos, sobre as suas manifestações verbais e, até mesmo, sobre os seus pensamentos. Neste estágio evolutivo, passa a compreender que a liberdade não se traduz por fazer ou deixar de fazer determinada coisa, irresponsavelmente. Passa a medir a sua linha de ação, de maneira que esta questão não atinja desastrosamente o próximo. Compreende, enfim, que sua liberdade termina onde começa a do seu próximo. A vontade própria ou livre-arbítrio é, então, exercitada de uma maneira mais coerente, mais responsável. O livre-arbítrio é definido como a faculdade que tem o indivíduo de determinar a sua própria conduta, ou, em outras palavras, a possibilidade que ele tem de, entre duas ou mais razoes suficientes de querer ou agir, escolher uma delas e fazer que prevaleça sobre as outras. Sem o livre-arbítrio, o homem não teria mérito em praticar o bem ou evitar o mal, pois a vontade e a liberdade do espírito não sendo exercitadas, o homem não seria mais do que um autômato. Pelo livre-arbítrio, ao contrário, passa o indivíduo a ser o arquiteto de sua própria vida, da sua felicidade ou infelicidade, da sua maior ou menor responsabilidade em qualquer ato que pratique. A liberdade e o livre-arbítrio têm uma correlação fundamental na criatura humana e aumentam de acordo com a elevação e conhecimento. Se por um lado temos a liberdade de pensar, falar e agir, por outro lado, o livre-arbítrio nos confere a responsabilidade dos próprios atos por terem sido eles praticados livremente e por nossa própria vontade. A sujeição absoluta de um homem a outro homem, é um erro gravíssimo de conseqüências desastrosas para quem o pratica. A escravidão seja ela física, intelectual, sócio-econômica, é sempre um abuso da força e que tende a desaparecer com o progresso da humanidade. É um atentado à natureza onde é harmonia e equilíbrio. Quem arbitrariamente desfere golpes cerceando a liberdade dos outros, escravizando-se pelos diversos processos que o mundo moderno oferece, sofre a natural conseqüência, e essa é a vergastada da dor, que desperta e corrige, educa e levanta para os tirocínios elevados da vida. A nossa liberdade não é absoluta porque vivemos em sociedade, onde devemos respeitar o direito das pessoas. Baseando-se neste preceito, torna-se absurdo aceitar qualquer forma de escravidão: física, moral, social econômica, ideológica, religiosa, etc. Durante muito tempo aceitou-se, como justa, a escravidão dos povos vencidos em guerras, assim como foi permitido pelos códigos terrenos que os homens de certas raças fossem caçados e vendidos, quais bestas de carga, na falsa suposição de eram seres inferiores e, talvez, nem fossem nossos irmãos em humanidade. Coube ao Cristianismo mostrar que, perante Deus, só existe uma espécie de homens e que, mais ou menos puros e elevados, eles o são, não pela cor da epiderme ou do sangue, mas pelo espírito, isto é, pela melhor compreensão que tenham das coisas e principalmente pela bondade que imprimam em seus atos. Com a abolição da escravatura, todos nós podemos dispor livremente das nossas vidas. Sem dúvida, estamos ainda muito distantes de uma vivência mundial de integral respeito às liberdades humanas; todavia, já as aceitamos como um ideal a ser atingido, e isso é um grande passo, pois tal concordância há de elevar-nos, mais dia, menos dia, a esse estado de paz e de felicidade a que todos aspiramos. Perguntas/Respostas: 01. não seria essa imposição de ter que ganhar dinheiro uma especie de escravidão? AlgumaCoisa, o homem deve trabalhar para propiciar o seu sustento. Hoje a moeda de troca é o dinheiro. O dinheiro só vai nos escravizar, bem como outras situações de nossa vida se assim o permitirmos. Aí seremos escravos do trabalho, do dinheiro, mas isso pelo nosso livre-arbítrio. 02. Não participei da exposição, mas já tenho uma duvida. Onde começa a liberdade, a qual devemos nos orientar? Liberdade é saber respeitar os direitos alheios. Como os espíritos responderam a Kardec: Desde que juntos estejam dois homens, há entre eles direitos recíprocos que lhes cumpre respeitar. 03. Onde termina essa liberdade? Mei, minha liberdade acaba onde começa o direito do próximo. No tópico em questão Kardec orientou as perguntas à espiritualidade visando comentários sobre a escravidão. Assim, não podemos explorar as pessoas para nosso conforto próprio, ou para nossas realizações. Hoje podemos pensar que não existe a escravidão. Mas isso é um engano. O trabalho escravo existe em muitas regiões, e não precisamos ir muito longe. Aqui mesmo no Brasil há denúncias em carvoarias, fazendas, canaviais. Há a escravidão moral, que alguns exercem dentro da própria casa. Kardec nos lembra muito sabiamente que nossa condição não é estática. Não é a cor da pele ou nossa posição social que nos diferencia, e sim nossa evolução espiritual. As diversas reencarnações também nso colocam em diferentes posições. A escravidão que nos beneficia hoje, pode ser nossa posição de amanhã. 04. Podemos então entender, que a máxima de Jesus: "fazer ao próximo o mesmo que queremos para nós" é o maior princípio de justiça para alcançarmos a liberdade? Com certeza, muito bem lembrado. 05. O que faz, Deise, com que esqueçamos de aplicar tal princípio? Mei, nosso querido planeta é um lugar onde ainda não temos a felicidade plena. É um planeta de provas e expiações, onde ainda devemos provar do remédio amargo que vai nos aparar as arestas. Para que isso ocorra ainda necessitamos dessas pessoas que esquecem, ou não conseguem cumprir, seus compromissos. Assim temos aqui, ao nosso redor, toda uma gama de espíritos, em diversos estágios de evolução. Essa evolução, esse aprendizado é que nos deixa esquecer de aplicar o princípio de fazermos ao outro o que desejamos que seja feito a nós. Ainda agimos muito por impulso. educação , o estudo, o aprendizado moral e sua prática fará com que isso seja revertido. 06. O que é liberdade ? Segundo o dicionário: Faculdade de cada um se decidir ou agir segundo a própria determinação. Poder de agir, no seio de uma sociedade organizada, segundo a própria determinação, dentro dos limites impostos por normas definidas 07 Podemos então supor, através dessa assertiva, que existem mundo superiores moralmente, onde os espíritos já são mais livres que aqui, a Terra? Neste caso, devemos entender que lá, não predomina os instintos, os impulsos, as paixões, mas muito mais a razão pautada em princípios morais mais sólidos. Deise_Bianchini> Sim, Mei. Há mundos mais adiantados, bem como os mais atrasados. 08 Se adiantamento é ser mais livre, o que acontece quando a liberdade é plena ? sem limites torna-se tudo incognoscível, e no entanto, você alega que a razão (cogito) avança... avanca pra onde se perde o objeto próprio ao seu uso ? não entendi A razão precisa limitar objetos para poder "manipulá-los" Aldo poderíamos entender que a razão também alcança novos patamares, que ela também se amplia amplia para onde ? pro indefinido ? Indefinido não é razão Não, pro infinito Aldo, nosso poder de decisão é relativo ao nosso nível de conhecimento. infinito é um indeterminismo matemático, um conceito abstrato e praticamente vazio. A razão se amplia na medida que se amplia as experiências da consciência certo, mas isso não responde a minha pergunta. Quanto mais conhecemos, mais podemos optar e escolher. mas escolher o que? Aldo, nosso poder de decisão é relativo ao nosso nível de conhecimento. Quanto mais conhecemos, mais podemos optar e escolher. Você perguntou, escolher o que? Nossas ações. Utilizaremos nosso livre-arbítrio de forma mais ampla. Para entendermos com um exemplo simples. As crianças não têm poder de decisão total. Elas podem escolher algumas coisas mas somos nós que vamos determinar praticamente tudo em sua vida. A hora de comer, de dormir, a escola, até os amigos. Conforme a criança vai crescendo, ela vai tendo mais chances de decidir, ou pelo menos de opinar. O mesmo ocorre conosco, enquanto espíritos. Nosso poder de decisão vai aumentado conforme vamos evoluindo. 09 Decidir é escolher, a escolha implica a existência de duas ou mais opções exclusivas (objetivas). Ser livre é escolher dentro de limites. Creio que os limites sejam as próprias escolhas possíveis. Você alega que o ser avança em "razão". Razão necessita de objetos concretos e definidos, limitados entre si. Logo, na plena liberdade do ser que alcançou grande evolução, de certa forma o ser não perderia o objeto próprio da razão. (razão depende de objetos concretos, definidos, definir é limitar) Logo, há uma contradição ai. Se o ser avança em liberdade, perde os limites e ai cai no incognoscível, o que é justamente contrário a razão. Logo, as idéias de liberdade e razão que você expressa contradizem-se. Concordo em que decidir é escolher entre duas ou mais opções. O nosso crescimento não se dá penas em razão - intelectual, mas também em moral. Aldo, você percebeu que a liberdade que estamos falando, relativas às questões, é sobre escravizar outros seres? O que não escraviza? Quando Kardec fala em liberdade natural, ele quer nos colocar, bem como os espíritos que participaram da codificação, que os homens nascem livres 10 De forma geral somos escravizados por tudo, até a própria mente nos escraviza. Outra coisa, existe moral sem razão? Evolução moral sem evolução intelectual parece uma afirmação vazia... ok Oração Final: Vamos encerrar o estudo da noite agradecendo a oportunidade. Possamos nós estarmos novamente aqui reunidos na semana que vem. Que a Paz do Mestre Jesus acompanhe a todos durante toda a semana.