Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Tema: Desgosto da vida. Suicídio LE 943 a 957 Expositor: Pedro Vieira - Brab Rio de Janeiro - RJ 08/02/2003 Dirigente do Estudo da Noite: Flavio Mendonça - Mei _PB Oração Inicial: LuFrancis> Boa noite Amigos, que a paz nos envolva! Jesus, nosso Modelo e Guia, que nessa noite possamos nos deixar envolver pela Tua Luz, unindo nossos corações em um único desejo e vontade: a de podermos buscar o conhecimento, que liberta. Que Pedro Vieira possa se ver envolto na paz e na claridade, a fim de que todos nós possamos juntos, encarnados e desencarnados, alcançarmos uma melhor compreensão da Vida e da sua preciosidade como caminho de nossa evolução. Que a paz, a luz e o amor possam nos envolver : agora e sempre! Mensagem Introdutória: PREVENÇÃO CONTRA SUICÍDIO Quando a idéia de suicídio, porventura, te assome à cabeça, reflete, antes de tudo, na infinita bondade de Deus, que te instalou na residência planetária, solidamente estruturada, a fim de sustentar-te a segurança no espaço cósmico. Em seguida, ora, pedindo socorro aos mensageiros da providência divina. Medita no amor e na necessidade daqueles corações que te usufruem a convivência. Ainda que não lhes conheças, de todo, o afeto que te consagram e embora a impossibilidade em que te reconheces para medir quanto vales para cada um deles, é razoável ponderes quantas lesões de ordem mental lhes causarias com a violência praticada contra si mesmo. Se a idéia perniciosa continua a torturar-te, mesmo que te sintas doente, refugia-te no trabalho possível, em que te mostres útil aos que te cercam. Visita um hospital, onde consigas avaliar as vantagens de que dispões, em confronto com o grande número de companheiros portadores de moléstias irreversíveis. Vai pessoalmente ao encontro de algum instituto beneficente, a que se recolhem irmãos necessitados de apoio total, para os quais alguns momentos de diálogo amigo se transformam em preciosa medicação. Lembra-te de alguém que saibas em penúria e busca avistar-te com esse alguém, procurando aliviar-lhe a carga de aflição. Comparece espontaneamente aos contatos com amigos reeducandos que se encontrem internados em presídios do teu conhecimento, de maneira a prestares a esse ou aquele algum pequenino favor. Não desprezes a leitura de alguma página esclarecedora, capaz de renovar-te os pensamentos. Entrega-te ao serviço do bem ao próximo, qualquer que ele seja e faze empenho em esquecer-te, porque a voluntária destruição de tuas possibilidades físicas, não só representa um ato de desconsideração para com as bênçãos que te enriquecem a vida, como também será o teu recolhimento compulsório à intimidade de ti mesmo, no qual, por tempo indefinível, permanecerás no envolvimento de tuas próprias perturbações. Emmanuel Do Livro: Pronto Socorro Psicografia: Francisco Cândido Xavier Editora: CEU Exposição: Bom meus amigos, muito boa noite. Em primeiro lugar, queremos levantar a questão da "morte". A Doutrina Espírita nos mostra que a morte não existe. O Espírito, sendo imortal, não passa nunca pelo período de extinção. Sendo assim, compreendemos que aquilo que morre é o que é mortal em nós: o corpo carnal. Quando se diz que vai-se matar alguém (homicídio), na realidade, do ponto de vista do Espírito, está-se dizendo que pretende-se retirar daquele Espírito o corpo no qual está encarnado naquele instante. Ao contrário, entretanto, de tornar banalizada a questão da morte, o Espiritismo mostra que a responsabilidade pela vida - espiritual, que inclui a experiência da vida física - aumenta. Ou seja, o espírita entende, cabalmente, a importância de se preservar a vida, pela oportunidade ... ímpar que esta constitui em termos de evolução. "Matar", então, alguém, mesmo sendo somente retirar-lhe o corpo de carne, torna-se, com o conhecimento espírita, um crime de lesa-natureza (como está na Lei de Conservação) e um crime de lesa-evolução - não há atentado mais só a algo que "acabou", mas a uma consciência que não morrerá. Estamos agora aptos a procurar entender como o Espiritismo encara o suicídio. Saber que a morte não existe, o que existe é a desencarnação, um processo pelo qual todos nós já passamos N vezes, é um grande alívio para nossa mente; e uma grande mudança em nossa vida. O sentimento que o Espiritismo traz para quem luta pela vida é de alegria e contentamento, porque mostra ao infinito as possibilidades da vida espiritual. Mas imaginemos que a vida seja para alguém um pesado fardo. Quando a Doutrina Espírita "mata a morte", mostra a essa pessoa que não é retirando seu veículo físico que resolverá o fardo que carrega - e que isto pode até privá-la das poucas alegrias que encontra em existir. Ao invés de dar a essa pessoa uma visão alegre, fecha suas alternativas para fugir do problema, mostrando que não há saída: somente a modificação de seu ponto de vista, com disciplina, humildade, constância, convivência e amor poderão fazê-la abrir-se mental e sentimentalmente para o convite que Deus a faz por meio da vida. O Espiritismo fecha a porta de fuga da morte. Mas abre a janela de luz da eternidade. Mais ainda do que fazer compreender o suicídio, coloca à disposição da criatura os meios de se melhorar, conter, analisar, trabalhar, durante a vida, já que a faz compreender não só a si mesma como um Espírito imortal, mas à sua personalidade como resultado de um posicionamento milenar ... aos que a cercam como irmãos espirituais que necessitam e pedem sua presença ativa diante deles. Temos visto que por vezes o próprio estudo da Doutrina Espírita, mesmo que não transforme como mágica sentimentalmente uma criatura, a faz entender a vida como necessária a si mesmo. A história espírita nos conta que o Sr. Allan Kardec estava cansado em seu lar quando lhe chega à casa uma encomenda. Ele a abre e lá estava O Livro dos Espíritos, encadernado cuidadosamente em delicada capa com muitos detalhes, numa "edição de luxo". À primeira página estava escrito: "Senhor Allan Kardec, este livro salvou a minha vida.". Mais abaixo estava escrito, com outra letra: "A minha também", seguindo-se de respectivas assinaturas. O simples conhecimento da realidade espiritual, de saber que sua esposa não havia morrido, impediu esse homem que trabalhava com livros de se jogar de uma ponte. O desgosto da vida normalmente está associado com a errada noção de "vida". Na acepção comum, "vida" significa vida orgânica ou mesmo vida social. Ela pode ser retirada e pode ter a conotação de "ruim" ou "sem jeito". No entanto as palavras do Sr. Jesus de Nazaré calam profundamente o Espírito, transformando a noção de vida quando diz: "Eu sou o caminho, a verdade e a vida" e "Eu sou o pão da vida, quem comer deste pão não morrerá" Que tipo de palavras e ensinamentos trouxe Jesus e repetiram os Espíritos, sob sua orientação, que transformaram tão profundamente a noção de "vida"? - "Tirar a vida" tornou-se algo impossível, porque a vida passa a ser a presença espiritual junto a Jesus, na ação no bem e pela paz. - "Dar a vida" tornou-se sinônimo de Educação do Espírito, não mais da reprodução física. - "Viver" passou a ser um processo contínuo de transformação e busca, que independe do estado atual, mas da disposição que tem o Espírito de evoluir em direção a Deus. O desgosto da vida normalmente é o desgosto da situação, não da Vida. A partir do momento em que compreendemos que a Vida é a beleza de Deus em Seu Amor a se manifestar na Criação, no Aprendizado, na União ... que as situações de nossas vidas físicas não passam de convites ao aprendizado de nossa verdadeira Vida Espiritual ... então desfaz-se o desgosto, dando lugar a uma eventual tristeza, mas dando amplo espaço à reflexão e à resignação. O ato exterior do suicídio torna-se pouco significativo da realidade do Espírito. Desde um louco a alguém que se mata aos poucos, por desleixo de si mesmo, passando pela morte evidente, todos escondem um pensamento incompatível na Busca da Vida. Quando o Espiritismo nos convida a o divulgarmos, nos convida a levar à pessoas a Consolação de que a Vida verdadeira é aquela que se vive na consciência espiritual de cada um, é a busca de Deus e a ação dessa busca nas outras pessoas, por meio da caridade. Alegria se transmuta em Felicidade. Prazer se transmuta em Contentamento. Dor deixa de ser Sofrimento e se transmuta em Oportunidade. E a Vida se transmuta no maior presente que Deus nos deu, na libertação pela Verdade de nossas próprias consciências. Tantos e tantos anônimos nas ruas deixam de se matar por causa de um sorriso que lhes mostre que o mundo ainda tem alegria. De um abraço que mostre que o mundo ainda tem carinho. De uma palavra que mostre que o mundo ainda tem atenção. De um ouvido que mostre que o mundo ainda tem paciência e disposição. De uma mão que mostre que o mundo ainda tem amor. Divulgando o Espiritismo pela palavra que liberta as consciências e pelas ações que tocam o sentimento, o tornaremos, nós, realmente e de fato, o Consolador Prometido. E quando falarmos em Vida nessa acepção a palavra desgosto será automaticamente excluída. E o único suicídio que se praticará é a morte do homem velho para desentupir os canais da Vida que insistem há séculos em nascer em nossos corações. --- Deus abençoe a todos nós. Perguntas/Respostas: 01 Antes de começar a pergunta, deixo claro que comecei a me interessar pelo espiritismo agora. Eu gostaria de saber se o suicida que não obteve essas informações sobre a continuidade da vida sofrera por seu ato, mesmo q tenha feito sem conhecimento. A Doutrina Espírita nos esclarece, em O Livro dos Espíritos, que todos nós temos o Instinto de Conservação. Não é, portanto, à Natureza, que devemos nossas posturas de desgostos pela vida física, mas a nós enquanto Espíritos - mesmo que não nos reconheçamos como tal. O homem, portanto, intimamente, sabe que algo que atente contra sua vida lhe trará prejuízos. Esse é o seu nível de entendimento primário. Que prejuízos serão esses serão compreendidos à medida da consciência que tem. Tem responsabilidade pelo ato à medida em que é capaz de sentir a necessidade que tem de viver, de compreender, mesmo que materialmente, socialmente, seu importante papel perante si mesmo e os outros. Tanto que o louco não tem responsabilidade por retirar a própria vida. E o homem espiritualizado tem a maior das responsabilidades. Será responsável pelas dores que causará aos outros, por tudo o que sabe que deixará de fazer aos outros; e perante si mesmo por retirar as oportunidades de melhorar, quando levar o susto e verificar que, na realidade, não morreu ... nem matou os problemas que o afligiam, mas jogou fora a oportunidade de resolvê-los. Temos visto muitos espíritos nessa situação. Há, portanto, responsabilidade, à medida em que o entendimento da importância da vida, seja de que nível for, estiver presente. Quando compreende a realidade espiritual, seu sofrimento é ainda maior, muitas vezes desesperante. Mas Deus nunca abandona Seus Filhos. (t) 02. Eu gostaria de saber se o suicídio é prova de uma inferioridade moral de uma pessoa (t) Não é tão simples assim. A questão não é o suicídio em si, mas o desgosto que leva ao suicídio, que demonstra, este sim, um estado de desespero compatível com a falta de fé em si mesmo, no futuro e em Deus. Estes traços são sim sinal de inferioridade espiritual. Entretanto, é possível que todos nós os tenhamos, mas só alguns passem pelas provações mais duras da vida. Esses são, portanto, superiores àqueles que nem por elas já podem passar. Em outras palavras, nem sempre uma pessoa que opta pelo suicídio é inferior a outra que não optou pelo mesmo. A única forma de se analisar isso é pelos fatos da vida, pela postura dessas pessoas perante a própria vida, que demonstrará mais ou menos conquistas espirituais. Repito, entretanto, para que todos pensemos: Jesus nunca se suicidaria. (t) 03 *** No momento em que a pessoa está pensando em cometer suicídio, e desiste, ela sofreu influencia de algum espírito? Ou se o fato de cometer o suicídio também pode ser causado por influência de espíritos ruins? *** Sim, encarnados e/ou desencarnados. Ai daquele que leva ao coração de seu irmão a descrença no futuro e em si mesmo, será duplamente culpado. Entretanto, Deus nos facultou a liberdade de escolha. Na hora decisiva estamos sempre sozinhos. O Livro dos Espíritos nos esclarece: "No campo moral não há arrastamento irresistível". É, portanto, ainda, da responsabilidade final do próprio Espírito o posicionamento perante sua própria vida. 04 Quando se fala em suicídio, podemos englobar a questão daquele que através de atos pequenos: fumo, álcool, gula, vida desregrada, faz um encurtamento do tempo de vida? Há diferenças entre um suicídio digamos direto e outro "lento"? Mais uma vez repetimos: o ato exterior é o menos importante. Teríamos que analisar o íntimo do coração. Imaginemos o caso do Sr. André Luiz, que, médico, sabia dos males que os vícios e faltas de cuidados lhe proporcionavam ao corpo, como ninguém. Certamente esconde uma negligência contra a própria oportunidade de viver. Mas a questão é de foro íntimo e deve atingir o cerne dos corações: em meus pensamentos, será que compreendo realmente a beleza da minha vida? Se essa busca for constante, nem os exteriormente chocante nem os escondidos suicídios tomarão parte em nosso cenário terreno. (t) Oração Final: Deus, Pai querido ... Obrigado por existirmos. Que nossa existência seja coroada de gratidão a ti. Que nosso coração possa sentir-Te. Nossa mente admitir-Te, mesmo sem compreender-Te. E nossas mãos refletir Tua Vontade. Obrigado por nos chamar de Meu Filho, mesmo quando nos comportamos como Ignorantes de Ti. Que Tua Imagem e Semelhança em nós resplandeça em forma de Mudança. Para que sejamos dignos de falarmos Contigo. "Senhor, eu creio. Ajuda-me na minha incredulidade" Obrigado.