Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Tema: Igualdade dos direitos do homem e da mulher. LE questões 817 a 822. Expositor: Deise Bianchini Amambai-MS 08/07/2006 Prece Queridos amigos, nesse momento agradecemos ao amparo dos bons espíritos que nos acompanham e pedimos que possamos ser contemplados com o conhecimento de nossa maravilhosa doutrina, que sirva para nosso adiantamento, que melhore nossa caminhada e que possamos ser amparados agora e sempre ! Exposição: Boa noite queridos amigos, um prazer poder estar aqui para juntos estudarmos a Doutrina Espírita. O tema de hoje será “Igualdade dos direitos do homem e da mulher”, "O Livro dos Espíritos”, questões 817 a 822. Vamos inicialmente recordar as perguntas feitas por Kardec aos espíritos que participaram da codificação: 817. São iguais perante Deus o homem e a mulher e têm os mesmos direitos? “Não outorgou Deus a ambos a inteligência do bem e do mal e a faculdade de progredir?” 818. Donde provém a inferioridade moral da mulher em certos países? “Do predomínio injusto e cruel que sobre ela assumiu o homem. É resultado das instituições sociais e do abuso da força sobre a fraqueza. Entre homens moralmente pouco adiantados, a força faz o direito.” 819. Com que fim mais fraca fisicamente do que o homem é a mulher? “Para lhe determinar funções especiais. Ao homem, por ser o mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos o dever de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de uma vida cheia de amargor.” 820. A fraqueza física da mulher não a coloca naturalmente sob a dependência do homem? “Deus a uns deu a força, para protegerem o fraco e não para o escravizarem.” Deus apropriou a organização de cada ser às funções que lhe cumpre desempenhar. Tendo dado à mulher menor força física, deu-lhe ao mesmo tempo maior sensibilidade, em relação com a delicadeza das funções maternais e com a fraqueza dos seres confiados aos seus cuidados. 821. As funções a que a mulher é destinada pela Natureza terão importância tão grande quanto às deferidas ao homem? “Sim, maior até. É ela quem lhe dá as primeiras noções da vida.” 822. Sendo iguais perante a lei de Deus, devem os homens ser iguais também perante as leis humanas? “O primeiro princípio de justiça é este: Não façais aos outros o que não quereríeis que vos fizessem.” a) - Assim sendo, uma legislação, para ser perfeitamente justa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher? “Dos direitos, sim; das funções, não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete. Ocupe-se do exterior o homem e do interior a mulher, cada um de acordo com a sua aptidão. A lei humana, para ser eqüitativa, deve consagrar a igualdade dos direitos do homem e da mulher. Todo privilégio a um ou a outro concedido é contrário à justiça. A emancipação da mulher acompanha o progresso da civilização. Sua escravização marcha de par com a barbaria. Os sexos, além disso, só existem na organização física. Visto que os Espíritos podem encarnar num e noutro, sob esse aspecto nenhuma diferença há entre eles. Devem, por conseguinte, gozar dos mesmos direitos.” Interessante essa preocupação de Kardec, em 1857 época em que foi escrito "O Livro dos Espíritos" , pois era uma época em que as mulheres não ocupavam um lugar de destaque na sociedade. O movimento de luta pela igualdade, pelo menos o direito a salários iguais por atividades iguais iniciou por essa época. Os eventos que alertariam para a situação precária da mulher em relação ao trabalho começou em 8 de março de 1857, quando operárias de uma fábrica de tecidos, situada na cidade norte americana de Nova York, fizeram uma grande greve. Ocuparam a fábrica e começaram a reivindicar melhores condições de trabalho, tais como redução na carga diária de trabalho para dez horas (as fábricas exigiam 16 horas de trabalho diário), equiparação de salários com os homens (as mulheres chegavam a receber até um terço do salário de um homem, para executar o mesmo tipo de trabalho) e tratamento digno dentro do ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com total violência. As mulheres foram trancadas dentro da fábrica, que foi incendiada. Aproximadamente 130 tecelãs morreram carbonizadas, num ato totalmente desumano. Hoje, nós mulheres, ao exercermos o direito do voto no Brasil, nem lembramos que isso só foi possível a partir de 1932. Podemos dizer que o dia 24 de fevereiro de 1932 foi um marco na história da mulher brasileira. Nesta data foi instituído o voto feminino. As mulheres conquistavam, depois de muitos anos de reivindicações e discussões, o direito de votar e serem eleitas para cargos no executivo e legislativo. Não precisamos ir muito longe no tempo, em muitas sociedades atuais as mulheres são consideradas seres de segunda categoria. A participação da mulher na sociedade, como sendo considerada igual ao homem em seus direitos de ser tratada como ser humano, foi feita através muitas de lutas, conquistas. A mulher, hoje, constitui metade da população brasileira; 36% de sua força de trabalho ativa; metade do eleitorado e com fortes tendências a se tornar majoritária nesse campo. Com o conhecimento espírita que temos hoje sabemos que cada indivíduo, homem e mulher, tem suas peculiaridades, tanto físicas como mentais, tais fatos amplamente estudados pela ciência. Se para evoluirmos temos que passar por diversas experiências em nossas encarnações, é muito lógico intuirmos que temos que passar pelos dois sexos para que cada um de nós aprenda as diversas situações que são inerentes a cada um dos gêneros. Como o homem entender o que se passa durante a gravidez, a amamentação, a preocupação maternal se não vivenciar essa experiência? Para a mulher a mesma situação. Como entender o amor paternal, as dificuldades inerentes ao desenvolvimento do homem, se não passar pelas experiências? Nós, enquanto espíritos imortais, teremos que passar por diversas fases para sedimentar nossa educação e conhecimento, nossa evolução intelectual e moral, passando também pelas diversas experiências que os diferentes gêneros nos propiciam. Isso nos leva a refletir como algumas pessoas, mesmo tendo os conhecimentos espiritualistas, se deixam levar por reações de machismo, feminismo, preconceito. Esquecem que todos somos iguais perante Deus e devemos ampararmos e amarmos a todos, defender os que necessitam, os que passam por situações de fragilidade. Ainda hoje temos em nossa sociedade situações de humilhação a que mulher é submetida, violência doméstica, psicológica, cercando as mulheres num círculo infame de maldade e desrespeito. Essa luta por igualdade não é apenas das mulheres, mas de todos nós, que não podemos ser omissos às crueldades praticadas, seja por motivos religiosos ou preconceitos sociais. Cada um deve ser reconhecido por sua capacidade, seus esforços, suas conquistas. Reflitamos sobre nosso papel na sociedade e nas conquistas que podemos obter considerando desde já todos iguais e partícipes da evolução da criação. Perguntas e Respostas: 01. Gostaria de saber, enfim, quais seriam essas funções diferentes. Interessante sua colocação Issana. Não sei se seriam tarefas diferenciadas, porque os espíritos nos colocam sobre as funções diferentes, mas não aos direitos diferentes. O homem de hoje, homem e mulher, já alcançou um estágio evolutivo bem diferente de 200 anos atrás. As mulheres já não têm mais apenas o papel exclusivo de dona de casa, divide as responsabilidades de igual a igual. Os homens também dividem as tarefas domésticas, criação dos filhos. Mas não podemos perder uma certa doçura, que muitas vezes a mulher tenta esconder para entrar na competitividade Mas de qualquer forma ainda estamos longe de estarmos nesse estágio atual. O homem evolui, como seu espírito também o faz. 02. a diferença de funções, bem particulares e relevantes, tem a ver com o aprendizado que cabe a cada um desenvolver, é isso? Sim, a cada encarnação como homem ou mulher vamos aprendendo essas características diferenciadas. Todo esse nosso aprendizado e vivencia vai formando nossa bagagem espiritual e sendo nosso acervo. Por esse motivo passarmos por todas essas experiências. 03. o que quis dizer com função? Veja na questão 819: "Para lhe determinar funções especiais. Ao homem, por ser o mais forte, os trabalhos rudes; à mulher, os trabalhos leves; a ambos o dever de se ajudarem mutuamente a suportar as provas de uma vida cheia de amargor." "Dos direitos, sim; das funções, não. Preciso é que cada um esteja no lugar que lhe compete. Então quer dizer que ainda assim devemos ter funções de trabalho diferente... ou seja... mais adequada para cada sexo? Função seria trabalho? Ou seria em relação à família? O homem tem que trabalhar e mulher ficar em casa??? Por isso falei no início, quando Issana fez um comentário em relação ao texto que fica uma situação estranha se formos considerar assim, nos dias de hoje. em relação à força e à sensibilidade (fragilidade), coube no inicio quando o homem tinha que caçar e mulher ficar cuidando da prole hoje acredito que a evolução forçou ambos se igualar quanto ao trabalho e responsabilidades do lar.... Nós também evoluímos, passamos a exercer várias funções, inclusive dividir as funções do lar na educação e criação dos filhos o homem cuida das crianças enquanto mulheres trabalham.. isso não é raro nem um exceção, é um absurdo dizer que um trabalho não cabe a uma mulher ou a um homem... Mas ao mesmo tempo eu coloquei que a mulher não deve perder a doçura e ternura, para tentar entrar na competitividade do mercado de trabalho. Esquecer a feminilidade. sim.. concordo.. nem o homem ficar tão "sensível" com o trabalho doméstico... Sabe, charuto, ainda hoje vemos situações que não são bem assim. Aí ocorre o abuso.O homem e mulher trabalham, fora, mas ao chegar em casa o trabalho doméstico ainda é da mulher. A dupla, e ás vezes tripla jornada de trabalho. Ainda há muito a conquistar Há também trabalhos que eram exclusivos dos homens e agora as mulheres executam com perfeição. quanto menos evoluído ou civilizado é um povo, maior é esta diferença ainda... sim, bem colocado