Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Tema: "Comemoração dos mortos. Funerais ". LE:320 a 329 Expositor: Deise Bianchini Amambai - MS 15/05/2004 Oração Inicial: Queridos amigos, pedimos: Que nessa noite possamos ser amparados pelos nossos amigos espirituais, pelos espíritos que acompanham nosso trabalho de estudos. Que possamos receber os ensinamentos necessários para nosso aprendizado maior para que possamos nos conduzir a todos os momentos melhorados. Que possamos ser ajudados na busca de nossa reforma íntima. Exposição: Boa noite a todos um prazer poder estar aqui nesta noite conversando sobre "O Livro dos Espíritos" e as questões sobre a Comemoração dos mortos e Funerais. Uma de nossas preocupações atávicas é o que acontece conosco após o desenlace do espírito e se realmente estamos "mortos". O que ocorre com nosso espírito? Ele entende o que acontece? Acompanha seu funeral, enterro? Tenta se comunicar? Sofre com o sofrimento de seus queridos? Fica feliz com as homenagens prestadas? A estória da humanidade é pontuada pela preocupação com a morte, na mais antiga época encontramos algum tipo de ritual fúnebre, desde as urnas com corpos acomodados até manifestações mais elaboradas, como as dos egípcios. Há toda uma cultura envolvendo o enterro, até mesmo o medo de sermos enterrados vivos. O medo era tanto que, na era vitoriana, havia sinos nas campas que tinham comunicação com os caixões, procurando evitar o enterro de pessoas vivas. Essas preocupações nos mostram que de alguma forma há uma noção inerente ao homem de alguma continuidade, que muitas vezes ele relaciona com a conservação dos corpos. Os rituais fúnebres existem em todas as culturas humanas, cada um refletindo a forma de vivenciar essa transição de cada povo. Para os espíritas o temor da morte não se justifica, "A Doutrina Espírita muda inteiramente a maneira de se encarar o futuro. A vida futura não é mais uma hipótese, mas uma realidade; o estado das almas depois da morte não é mais um sistema, mas um resultado da observação. O véu foi levantado; o mundo espiritual nos aparece em toda a sua realidade prática; não são os homens que o descobrem pelo esforço de uma concepção engenhosa, mas são os próprios habitantes desse mundo que nos vêm descrever a sua situação; nós os vemos aí em todos os degraus da escala espiritual, em todas as fases de felicidade e de infelicidade; assistimos a todas as peripécias da vida de além-túmulo. Aí está, para os espíritas, a causa da calma com a qual encaram a morte, da serenidade dos seus últimos instantes na Terra. O que os sustenta não é somente a esperança, é a certeza; sabem que a vida futura não é senão a continuação da vida presente em melhores condições, e a esperam com a mesma confiança que esperam o nascer do Sol depois de uma noite de tempestade. Os motivos dessa confiança estão nos fatos dos quais são testemunhas, e no acordo desses fatos com a lógica, a justiça e a bondade de Deus, e as aspirações íntimas do homem. Para os espíritas a alma não é mais uma abstração; tem um corpo etéreo que faz dela um ser definido, que o pensamento abarca e concebe; já é muito para fixar as idéias sobre a sua individualidade, suas aptidões e suas percepções. A lembrança daqueles que nos são caros repousa sobre alguma coisa de real. Não são representados mais como chamas fugidias que não lembram nada ao pensamento, mas sob uma forma concreta que no-los mostram melhores como seres vivos. Depois, em lugar de estarem perdidos nas profundezas do espaço, eles estão ao nosso redor; o mundo corporal e o mundo espiritual estão em perpétuas relações, e se assistem mutuamente. A dúvida sobre o futuro não sendo mais permitida, o temor da morte não tem mais razão de ser; encara-se a sua chegada a sangue frio, como uma libertação, como a porta da vida e não como a porta do nada." (O Céu e Inferno ) O "O Livro dos Espíritos" nos traz , através das perguntas que Kardec fez aos espíritos, muitos informações preciosas, que vem de encontro às questões que colocamos no início de nossa conversa, respondendo assim a nossas angústias e dúvidas. Kardec questiona os espíritos se há algum dia especial para que os mortos sejam lembrados, e respondem os espíritos que " acodem nesse dia ao chamado dos que da Terra lhes dirigem seus pensamentos, como o fazem noutro dia qualquer." E que se reúnem, em finado,s junto de suas Sepulturas pois nesse dia, em tais lugares, é maior o número das pessoas que os chamam pelo pensamento. Porém, cada Espírito vai lá somente pelos seus amigos, e se pudéssemos vê-los teriam a mesma aparência de quando encarnados. Os esquecidos, cujos túmulos ninguém vai visitar, nada mais prende a esse planeta o Espírito, que tem para si o Universo inteiro. Em relação às visitas feitas a um túmulo, os espíritos nos respondem: "Aquele que visita um túmulo apenas manifesta, por essa forma, que pensa no Espírito ausente. A visita é a representação exterior de um fato íntimo. Já dissemos que a prece é que santifica o ato da rememoração. Nada importa o lugar, desde que é feita com o coração." Da mesma forma, quando o espírito sai das influências da carne, muitas coisas deixam de ter importância para ele, que passa a ter verdadeira dimensão daquilo que realmente é importante. As homenagens prestadas causam certa sensibilidade ao espírito, mas o mais importante é a lembrança que deles guardam os homens. Da mesma forma o local onde o corpo receberá seu repouso final também deixa de ter importância ao espírito elevado, pois sabe ele que sua alma se reunirá às dos que lhe são caros, embora fiquem separados os seus respectivos ossos, embora a reunião dos despojos mortais de todos os membros de uma família seja um costume piedoso e um testemunho de simpatia que dão os que assim procedem aos que lhes foram entes queridos. Embora destituída de importância para os Espíritos, essa reunião é útil aos homens: mais concentradas se tornam suas recordações. O Espírito que ascendeu a certo grau de perfeição não apresenta vaidades terrenas e compreende a futilidade de todas essas coisas. Porém, há Espíritos que, nos primeiros momentos que se seguem à sua morte material, experimentam grande prazer com as honras que lhes tributam, ou se aborrecem com o pouco caso que façam de seus envoltórios corporais. É que ainda conservam alguns dos preconceitos desse mundo. Os Espíritos nos colocam também que: "Freqüentemente assistem eles ao seu enterro, mas, algumas vezes, se ainda está perturbado, não percebe o que se passa." Da mesma forma sofrem com os acontecimentos relacionados à família, ou a forma que tratam os sentimentos que lhe patenteiam e a decepção que lhe causa o comportamento que possam ter em relação à herança. Encerra Kardec o capítulo com a pergunta 329: 329. O instintivo respeito que, em todos os tempos entre todos os povos, o homem consagrou e consagra aos mortos é efeito da intuição que tem da vida futura? "É a conseqüência natural dessa intuição. Se assim não fosse, nenhuma razão de ser teria esse respeito." Agradeço a oportunidade do estudo e me coloco à disposição dos amigos para trocarmos idéias sobre o assunto. Perguntas/Respostas: 01. Sabemos que , a carne descende da carne mas o espírito não descende do espírito... sendo assim, considerando as diversas encarnações do espírito sob vários nomes, sexos e famílias terrenas como ficam as relações dos espíritos desencarnados segundo suas múltiplas, digamos "identidades"durante suas jornadas ? Jotta, nós formamos um núcleo de espíritos que se congregam pela afinidade. Como você bem colocou, no mundo espiritual não há o parentesco que temos aqui na Terra, pois não há esse tipo de relação. Mas os laços afetivos é que unirão as pessoas. Também , no momento do retorno, levando-se em conta a elevação do espírito, ele se lembrará dos compromissos que assumiu e fará uma análise de suas vitórias e do ponto em que deverá recomeçar. Nós nos aproximamos por uma questão de afinidade e isso ocorre no plano espiritual, onde formaremos um núcleo de pessoas que apresentarão essa afinidade diferente da parentela corporal, onde estamos juntos por consangüinidade Muitas vezes pessoas que reencarnam na mesma família não tem uma ligação de afeto, mas estarão juntas para algum resgate, passada essa fase talvez não se aproximem mais. Já aqueles que se juntam por afeição continuarão com o relacionamento mesmo no mundo espiritual. 2. Voltando a sua resposta, ao analisar esse "grupo de espíritos unidos por afinidades" poderíamos fazer analogia por exemplo, que as diversas encarnações deste "grupo"são como diversas peças encenadas pelo mesmo elenco mas com os papéis trocados? imagine assim... o mesmo espírito que foi meu bisavô em uma encarnação pode ser meu filho em outra? como estes espíritos se reconhecem após a volta ao mundo espiritual? Normalmente conservamos as características de nossa última encarnação. Apenas os espíritos muito evoluídos se revestirão de outras características. E esses papéis que você fala, não são trocados assim de repente, rapidamente, as reencarnações podem demorar muito para ocorrer, nesse período estamos nos preparando, aprendendo. Não é algo tão simples assim, no meu entendimento. 3. ! - como fica a premissa de que quando desencarnamos seremos recebidos por espíritos com afinidades a nós? estas afinidades são espirituais apenas , ou serão obrigatoriamente "parentes terrenos"que desencarnaram antes, no mesmo ciclo terreno? Não creio que sejam apenas parentes terrenos de nosso ciclo de convivência. Mesmo porque somos espíritos muito antigos, e são muitas as moradas. As nossas encarnações seguem um roteiro de necessidades nossas, quando temos condições de traçá-lo. Você sabe que nossa caminhada pode ser mais rápida ou mais lenta, dependendo de nossas próprias iniciativas, portanto haverá os que se adiantaram a nós, são ligados a nós, pelos laços de afeição, mas não necessitam mais voltar para cá. A não ser em algum caso de missão. Portanto, concluo que nem todos que nos aguardam correspondem a esse ciclo atual de parentela corporal. 4. Sendo amigos, Naema, um grupo de amigos que encarnam várias vezes juntos, sendo que um deles houve progresso primeiro que os outros, esse pode ficar e esperar os demais ou precisará partir e zelar por eles em outro obre? Tudo é muito relativo, Bogus. Com certeza ficaremos ligados àqueles que nos são caros, mas por outro lado também temos nossas obrigações. O retardatário não será desamparado, mas o que se adiantou não precisa estacionar por causa dele. Acompanhará seus progressos, torcerá pelo seu sucesso, mas continuará sua caminhada. Podemos relacionar facilmente com o que ocorre em nossa vida. Temos amigos muito íntimos, com os quais convivemos diariamente no segundo grau. Por algum motivo nós vamos fazer nossa faculdade e o amigo decide que deve trabalhar, talvez estudar depois. Por uma questão de novas atividades perdemos aquele contato íntimo com o amigo, mas ao mesmo tempo gostamos de ter notícias dele, saber como está, se casou, se teve filhos, se tudo vai bem. Mas estaremos afastados da convivência. Creio que essa linha de raciocínio pode exemplificar o que estamos falando. 05. Por que a evolução espiritual deve se dar através do mundo material e não no próprio plano espiritual...... se este possui uma natureza completamente diferente e contrária a do mundo espiritual?? Estamos um pouco além do tópico de debate. Euclides, a evolução também ocorre no plano espiritual, apenas é aqui que aplicamos o aprendizado. entendo, mas a pergunta é..... por que ela é ATRAVÉS do mundo material e no mundo espiritual não? Quando estamos encarnados podemos aplicar tudo aquilo que aprendemos sendo que estaremos sujeitos às influencias de nosso corpo. Teremos o esquecimento do passado, e muitas outras situações que podemos aproveitar. mas por que é preciso uma experiência material? Por que tudo isso não pode ser feito no plano espiritual, digo.....seria o mesmo que um peixe ter que sair da agua.... para aprender a viver nela, matéria nada tem a ver em essência com a não-matéria Nossa evolução deve se proceder tanto moral como intelectualmente, não estamos aqui para aprender a viver no mundo espiritual. (Naema) me permite amiga? Amigo Cmte, para maiores esclarecimentos dessas dúvidas, que por sinal ocorrem com muitos, peço-te, até mesmo para não nos distanciarmos do assunto de hoje, que leia "A Gênese" de Allan Kardec, lá você encontra essas e outras explicações. Assim também como no "Livro dos Espíritos" do mesmo autor! 06. Eu tenho uma filha de 3 anos, e tentamos ter filhos durante 12 anos, perdendo várias gestações até ela chegar. Com 2,5 anos mais ou menos, estávamos os 3 brincando e dissemos que a amávamos muito e ela sem mais nem menos disse - "EU escolhi vocês" - ficamos atônitos pois não conseguíamos acreditar no que realmente imaginávamos que ela estava dizendo. O que se pode comentar sobre isso? Jotta, que depoimento mais lindo. É um compromisso muito grande que você , sua esposa e sua filha assumiram. como assim? Pela meiguice dela podemos crer que é uma reencarnação por afinidade. Vocês três estão juntos por algum motivo, o nosso compromisso maior com os filhos é educá-los no bem, propiciar com nosso amor, amparo, e exemplo, as condições para que possam encontrar o seu caminho na vida jotta, a ligação que vocês tem pode ter propiciado a união de agora, aproveite muito esse período em que estão juntos. Sejam muito felizes. 07. Como os recém-desencarnados se sentem ao ver diante de seu túmulo seus familiares chorar copiosamente? Qual é a melhor postura que devemos adotar em um velório? Normalmente o espírito encontra-se em um estado de torpor, exatamente para não ter que sentir toda a carga de desespero e sofrimento que alguns apresentam. Sentem-se tristes, principalmente por não poder acalmar o que sofre. Em alguns casos essa dor imensa impede que os espíritos recém desencarnados possam ser encaminhados. Nós espíritas, sabendo que esse momento é apenas uma transição, devemos nos comportar com respeito, com sobriedade, sem escândalos e gritarias. Mantermo-nos em prece, pedindo que nosso querido possa ser amparado. Isso não quer dizer que não vamos sofrer ou chorar, vamos sim. Fazemos isso até para uma pequena viagem, em um casamento. É a dor da separação física, embora saibamos que ela será passageira. 08. Nós sabemos que mesmo com um grau de conhecimento razoável acerca do espiritualismo, é sempre complicado dizer algumas palavras de consolo para quem acaba de perder alguém que lhe foi caro. Às vezes o silêncio é um ótimo consolo, mas qual a recomendação que você pode nos falar para saber melhor orientar as pessoas nesta condição? Não há palavras convencionais a se dizer, é uma situação realmente difícil. O aperto de mão, o abraço amigo. Ouvir. O olhar, o ombro, o carinho... Se a pessoa tiver algum tipo de conhecimento podemos conversar com ela sobre o assunto, se não tiver acho muito inconveniente. Como se quiséssemos fazer propaganda ou dar alguma esperança de mensagens ou algo assim. Creio que o melhor é mesmo ser solidário, ajudar a família, se tivermos essa liberdade, nos afazeres do momento. Oração Final: Vamos respirar fundo e relaxar.. Vamos sintonizar com o bem e a sabedoria neste momento.. Tenhamos esta certeza que são reais.. Podemos ter esta fé aumentada.. Neste convívio sadio com os amigos daqui.. Com os amigos espirituais também que nos auxiliam.. Tenhamos a certeza espiritual.. Peçamos força para vive-la naturalmente.. E assim espalha-la a quem precisa mais.. Sejamos fontes vivas do amor que nos cerca.. Basta sintonizá-lo.. Vamos agradecer por mais este dia proveitoso.. E esta reunião de estudos que sempre nos surpreende. Assim seja