Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Tema: Assassínio. LE 746 a 751 Expositora: Deise Bianchini Amambai - MS 18/02/2006 Oração Inicial: Vamos elevar os novos pensamentos, acalmar os nossos corações Mantendo uma esfera de muita luz e muita paz Para dar início ao nosso trabalho da noite de hoje Senhor Deus, estamos aqui reunidos em Teu nome Para mais uma noite de estudo em torno da Doutrina Espírita Que possamos ser amparados durante todo o nosso estudo Que possamos contar com o auxílio dos espíritos benevolentes que se dispuseram a doar parte de seu precioso tempo para estar aqui conosco Com o auxílio de Jesus Cristo, nosso guia e modelo E acima de tudo, que possamos contar com a bênção de Deus E que possa ser com a Sua permissão, Senhor Deus Que possamos dar por iniciado o estudo desta noite Que assim seja Exposição: Boa noite queridos amigos, que possamos aproveitar esses momentos de reunião para estudarmos "O Livro dos Espíritos", que em suas questões 746 a 751 trata do Assassínio. Estamos vendo o capítulo VI, da Lei da Destruição, dentro da parte terceira - das Leis Morais.Vou colar as questões citadas para relembrarmos as colocações de Kardec e dos espíritos superiores que ditaram a codificação. 746. É crime aos olhos de Deus o assassínio? “Grande crime, pois que aquele que tira a vida ao seu semelhante corta o fio de uma existência de expiação ou de missão. Aí é que está o mal.” 747. É sempre do mesmo grau a culpabilidade em todos os casos de assassínio? “Já o temos dito: Deus é justo, julga mais pela intenção do que pelo fato.” 748. Em caso de legítima defesa, escusa Deus o assassínio? “Só a necessidade o pode escusar. Mas, desde que o agredido possa preservar sua vida, sem atentar contra a de seu agressor, deve fazê-lo.” 749. Tem o homem culpa dos assassínios que pratica durante a guerra? “Não, quando constrangido pela força; mas é culpado das crueldades que cometa, sendo-lhe também levado em conta o sentimento de humanidade com que proceda.” 750. Qual o mais condenável aos olhos de Deus, o parricídio ou o infanticídio? “Ambos o são igualmente, porque todo crime é um crime.” 751. Como se explica que entre alguns povos, já adiantados sob o ponto de vista intelectual, o infanticídio seja um costume e esteja consagrado pela legislação? “O desenvolvimento intelectual não implica a necessidade do bem. Um Espírito, superior em inteligência, pode ser mau. Isso se dá com aquele que muito tem vivido sem se melhorar: apenas sabe.” Tão poucas questões e tão profundas e abrangentes em seu significado !! Nos dias de hoje nos vemos a volta com esse tema a todo momento. Seja pelos desmandos que ocorrem ou por fatos que nos chocam a sensibilidade, como do bebê que foi jogado em uma lagoa para morrer. Em tudo está a ação de nosso livre arbítreo e podemos perceber claramente o que é necessário e o que é abusivo. Essas questões de "O Livro dos Espíritos" nos levam a algumas conclusões: No caso de assassínio, o mal está em que uma vida de expiação ou de missão foi interrompida pela morte imposta, mas o grau de culpabilidade de quem assim agiu está na intenção com que o cometeu; cada tipo tem a sua pena conforme a sua especificidade intencional. Nos casos de legítima defesa, só a necessidade de assim agir, baseada na impossibilidade total de preservar a vida sem atentar contra a vida do agressor, é que tem a escusa divina. Nas guerras o homem não é culpado quando constrangido à força, mas qualquer crueldade, como qualquer gesto de bondade e humanidade, pesarão no seu julgamento. Encerraremos o estudo da noite lembrando o Espírito Santo Agostinho, em "O Livro dos Espíritos"; Conclusão, item IX: Jamais os bons Espíritos foram os instigadores do mal; jamais aconselharam ou legitimaram o assassínio e a violência; jamais estimularam os ódios dos partidos, nem a sede das riquezas e das honras, nem a avidez dos bens da Terra. Os que são bons, humanitários e benevolentes para com todos, esses os seus prediletos e prediletos de Jesus, porque seguem a estrada que este lhes indicou para chegarem até ele. Perguntas/Respostas: 01. . Com relação à legítima defesa. De um lado temos a Lei de Conservação que diz que devemos nos preservar assim como na Lei de Destruição. Mas certa vez, Gandhi disse que diante de uma situação calamitosa melhor ser vítima do que algoz. Caso a pessoa escolha a opção de não reagir, deixar que lhe matem. Estaria ela atentando contra a Lei também? A questão 748 é bem clara. “Devendo sempre que possível preservar a vida do agressor.” Veja que interessante: Sempre que possível. No caso do aborto o Livro dos Espíritos também é claro ao nos dizer que existe apenas uma situação em que ele será possível. No caso de a vida da mãe correr risco de morte. Aí entrará, como também no caso em que você falou, nosso livre arbítrio e nosso desprendimento. A escolha será nossa. Veja que na situação de autodefesa é algo muito rápido, age aí nosso instinto de conservação. Jesus também nos falava, mais vale receber uma ofensa do que fazê-la. Então não vejo como incorreta a colocação de Gandhi, mas dependerá de cada um. E isso será levado em conta no momento de análise das ações de cada um. 02. É mais um comentário do que propriamente uma pergunta. Disse o que o amigo JuanMiguel citou, num contexto bem apropriado. Naquele período, a Índia tinha cerca de 350 milhões de habitantes e o subcontinente indiano englobava os atuais territórios de Índia, Paquistão e Bangladesh, todos sob domínio colonial do Império Britânico. Essa grande população era (como ainda é) multiétnica, multilingüe e multi-religiosa. E era muito fácil e rápido ocorrer uma "explosão" de ódio popular, culminando em assassínio múltiplo. O ódio aos ingleses era manifesto. O mesmo sentimento entre grupos antagônicos, também. Nesse contexto, Gandhi pregou a não-violência e a desobediência civil. Daí o pensamento expressado por ele e lembrado pelo nosso amigo JuanMiguel. Dessa forma, Gandhi acabou conduzindo o processo que levou à Independência da Índia e do Paquistão. Desencarnou assassinado pelas mãos de um fanático. Sem reação, tal como ele mesmo havia pregado. 03 Só pra completar Era mais ou menos isso que queria expressar Mas temos que ter muita segurança de que está na nossa hora pra fazer algo desse tipo E não se expor ao risco também Confiando cegamente em que nada vai nos acontecer 4. Gandhi desobedecia sistematicamente aos ingleses, mas não reagia quando espancado ou preso. Porém não desistia e continuava a desobedecer. Assim fez até libertar o subcontinente indiano. No dia de seu desencarne, no ano seguinte ao da Independência (1948), ele recebia as pessoas nos jardins da sua residência. O assassino se infiltrou na multidão, aproximou-se de Gandhi, subitamente sacou da arma e atirou. Gandhi somente olhou para ele, orando em hindu. E caiu. Dizem que a oração dele foi uma entrega de sua alma a Deus. Oração Final: Amigos e amigas, vamos dirigir nosso pensamento ao Criador do Universo. Pai Nosso, que estais nos céus. Santificado seja o Vosso Nome. Seja feita a Vossa Vontade, assim na terra como nos céus. O pão nosso de cada dia, dai-nos hoje. Perdoa as nossas dívidas, assim como nós perdoamos aos nossos devedores. Não nos deixeis cair em tentação. Mas livrai-nos de todo mal. Que assim seja.