Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Tema: Penas temporais LE 983 a 989 Expositor: Deise Bianchini - Naema Amambai - Mato Grosso do Sul 22/03/2003 Oração Inicial: Elevemos os pensamentos agora.. Pensando em Deus e sua obra.. Que façamos nossa parte nela.. E estes estudos de hoje sejam proveitosos.. Possamos estar cada momento melhores.. Valorizando nossas tarefas.. Olhando as pessoas de forma melhor.. Estando mais conscientes.. E completos. Assim seja! Mensagem Introdutória: CULPA E REENCARNAÇÃO Espíritos culpados! Somos quase todos. Julgávamos que o poder transitório entre os homens nos fosse conferido como sendo privilégio e imaginário merecimento, e usamo-lo por espada destruidora, aniquilando a alegria dos semelhantes... Contudo, renascemos nos últimos degraus da subalternidade, aprendendo quanto dói o cativeiro da humilhação. Acreditávamos que a moeda farta nos situasse a cavaleiro dos desmandos de consciência... Entretanto, voltamos à arena terrestre, em doloroso pauperismo, experimentando a miséria que infligimos aos outros. Admitíamos que as vítimas de nossos erros deliberados se distanciassem, para sempre de nós, depois da morte... Mas, tornamos a encontrá-las no lar, usando nomes familiares, no seio da parentela, onde nos cobram, às vezes com juros de mora, as dívidas de outro tempo, em suor do rosto, no sacrifício constante, ou em sangue do coração, na forma de lágrimas. Supúnhamos que os abusos do sexo nos constituíssem a razão de viver e corrompemos o coração das almas sensíveis e nobres com as quais nos harmonizávamos, vampirizando-lhes a existência... No entanto, regressamos ao mundo em corpos dilacerados ou deprimidos, exibindo as estranhas enfermidades ou as gravosas obsessões que criamos para nós mesmos, a estampar na apresentação pessoal a soma deplorável de nossos desequilíbrios. Espíritos culpados! Somos quase todos. A perfeita justiça, porém, nunca se expressa sem a perfeita misericórdia, e abre-nos a todos, sem exceção, o serviço do bem, que podemos abraçar na altura e na quantidade que desejarmos, como recurso infalível de resgate e reajuste, burilamento e ascensão. Atendamos às boas obras quanto nos seja possível. Cada migalha de bem que faças é luz contigo, clareando os que amas. E assim é porque, de conformidade com as leis divinas, o aperfeiçoamento do mundo depende do mundo, mas o aperfeiçoamento em nós mesmos depende de nós. Emmanuel Do Livro: Justiça Divina Psicografia: Francisco Cândido Xavier Editora: FEB Exposição: Boa noite queridos amigos, é um prazer estar com vocês nessa noite, que Deus nos ilumine. Falaremos hoje sobre as Penas temporais. Desde todas as épocas o homem acreditou, por intuição, que a vida futura seria feliz ou infeliz, conforme o bem ou o mal praticado neste mundo. A idéia que ele faz, porém, dessa vida está em relação com o seu desenvolvimento, senso moral e noções mais ou menos justas do bem e do mal. As penas e recompensas são o reflexo dos instintos predominantes. Os povos guerreiros fazem consistir a suprema felicidade nas honras conferidas à bravura;os caçadores, na abundância da caça; os sensuais, nas delícias da voluptuosidade. Dominado pela matéria, o homem não pode compreender senão imperfeitamente a espiritualidade, imaginando para as penas e gozos futuros um quadro mais material que espiritual; afigura-se-lhe que deve comer e beber no outro mundo, porém melhor que na Terra. O Espírito sofre, quer no mundo corporal, quer no espiritual, a conseqüência das suas imperfeições. As misérias, as vicissitudes padecidas na vida corpórea, são oriundas das nossas imperfeições, são expiações de faltas cometidas na presente ou em precedentes existências. Pela natureza dos sofrimentos e vicissitudes da vida corpórea, pode julgar-se a natureza das faltas cometidas em anterior existência, e das imperfeições que as originaram. Quando a alma está reencarnada, as aflições da vida são-lhe um sofrimento; mas, só o corpo sofre materialmente. Quando a pessoa morre não é exato dizer que deixou de sofrer, pois nem sempre isto exprime a realidade. Como Espírito não terá mais as dores físicas; porém, conforme as faltas que tenha cometido, pode estar sujeito a dores morais mais cruéis que qualquer sofrimento físico e pode também vir a ser ainda mais desgraçado em nova existência, com novas provas expiatórias mais difíceis de enfrentar, que farão sofrer ao seu orgulho como por ex.. O mau rico poderá reencarnar em situação de pobreza absoluta e ter que pedir esmola e se verá a braços com todas as privações oriundas da miséria; o orgulhoso, com todas as humilhações; o que abusa de sua autoridade e trata com desprezo e dureza os seus subordinados se verá forçado a obedecer a um superior mais ríspido do que ele o foi. Todas as punições e sofrimentos da vida são expiação das faltas de outra existência, quando não a conseqüência das da vida atual, e compreenderemos isso mais facilmente ao fazermos nossa retrospectiva em nossa chegada de retorno ao mundo espiritual. "O homem que se considera feliz na Terra, porque pode satisfazer às suas paixões, é o que menos esforços emprega para se melhorar. Muitas vezes começa a sua expiação já nessa mesma vida de efêmera felicidade, mas certamente expiará noutra existência tão material quanto aquela." (LE, 984) As contrariedades da vida não são sempre a punição das faltas atuais: são provas impostas por Deus, ou que nós mesmos escolhemos como Espíritos, antes de encarnarmos, para expiação das faltas cometidas em outra existência, porque jamais fica impune a infração das leis de Deus e, sobretudo, da lei de justiça. Se a punição não ocorrer nesta existência, ocorrerá necessariamente em outra. Isso a razão de nossos sofrimento, mesmo para aqueles que, nesta vida, parecem inocentes, é a punição do seu passado. A reencarnação da alma em um mundo menos grosseiro é uma recompensa. "É a conseqüência de sua depuração, porquanto, à medida que se vão depurando, os Espíritos passam a encarnar em mundos cada vez mais perfeitos, até que se tenham despojado totalmente da matéria e lavado de todas as impurezas, para eternamente gozarem da felicidade dos Espíritos puros, no seio de Deus." Nos mundos onde a existência é menos material do que neste, menos grosseiras são as necessidades e menos agudos os sofrimentos físicos. Lá, os homens desconhecem as paixões más, que, nos mundos inferiores, os fazem inimigos uns dos outros. Nenhum motivo tendo de ódio, ou de ciúme, vivem em paz, porque praticam a lei de justiça, amor e caridade. Não conhecem os aborrecimentos e cuidados que nascem da inveja, do orgulho e do egoísmo, causas do tormento da nossa existência terrestre. As nossas diversas existências corporais não se verificam todas na Terra, sendo que estaremos reencarnados em planetas de acordo com nossa capacidade evolutiva. (LE 985) O Espírito, que progrediu em sua existência terrena, pode reencarnar alguma vez no mesmo mundo; desde que não tenha conseguido concluir a sua missão, pode ele próprio pedir lhe seja dado completá-la em nova existência. Mas, então, já não está sujeito a uma expiação. (ver "O Livro dos Espíritos" 173) O homem que, não fazendo o mal, também nada faz para libertar-se da influência da matéria nenhum passo dá para a perfeição, terá que recomeçar uma existência de natureza idêntica à precedente. Fica estacionário, podendo assim prolongar os sofrimentos da expiação. Há pessoas cuja vida aparenta perfeita calma; que nada precisando fazer por si mesmas, se conservam isentas de cuidados. Não raro, a calma é apenas aparente. Talvez elas tenham escolhido tal existência, mas, quando a deixam, percebem que não lhes serviu para progredirem. Então, como o preguiçoso, lamentam o tempo perdido. O Espírito não pode adquirir conhecimentos e elevar-se senão exercendo a sua atividade. Se adormece na indolência, não se adianta. Assemelha-se a um que precisa trabalhar e que vai passear ou deitar-se, com a intenção de nada fazer. Cada um terá que dar contas da inutilidade voluntária da sua existência, inutilidade sempre fatal à felicidade futura. Para cada um, o total dessa felicidade futura corresponde à soma do bem que tenha feito, estando o da infelicidade na proporção do mal que haja praticado e daqueles a quem haja desgraçado. As Pessoas que, embora não sejam positivamente más, tornam infelizes, pelos seus caracteres, todos os que as cercam não são pessoas boas. Expiarão suas faltas, tendo sempre diante da vista aqueles a quem infelicitaram, valendo-lhes isso por uma censura. Depois, noutra existência, sofrerão o que fizeram sofrer. "Eminentemente sábia e magnânima é, pois, a lei que rege a duração das penas, porquanto subordina essa duração aos esforços do Espírito. Jamais o priva do seu livre-arbítrio: se deste faz ele mau uso, sofre as conseqüências." SÃO LUIS em LE 1006 Os valores espirituais são eternos e indestrutíveis, são a única bagagem que levamos conosco ao reentrarmos na pátria espiritual e, quando baseamos nossa vida nesses valores, quando procuramos executar nossa reforma íntima, não importa que dificuldades surjam, vamos superá-las com segurança e equilíbrio. Esses momentos difíceis são, na verdade, quando enfrentados com coragem, com bom ânimo e confiança, inspirados pela fé em Deus, o nosso caminho para o progresso e muito nos beneficiam. Somos Espíritos imortais e, pela bondade do Pai para conosco, sempre temos oportunidade de recomeçar. Cada momento de nossa existência é oportunidade de construir uma nova vida, nossos esforços hoje nos darão a colheita de amanhã, seguindo a lei de ação e reação. Para encerrarmos nosso estudo da noite vou colocar um trecho do livro "O problema do ser, do destino e da dor", de Léon Denis (ed. FEB, 1997, pg.288): "A alma deve conquistar, um por um, todos os elementos, todos os atributos de sua grandeza, de seu poder, de sua felicidade, e, para isso, precisa do obstáculo, da natureza resistente, hostil mesmo, da matéria adversa, cujas exigências e rudes lições provocam seus esforços e formam sua experiência. Daí, também, nos estádios inferiores da vida, a necessidade das provações e da dor, afim de que se inicie sua sensibilidade e, ao mesmo tempo, se exerça sua livre escolha e cresçam sua vontade e sua consciência. É indispensável a luta para tornar possível o triunfo e fazer surgir o herói. Sem a iniqüidade, a arbitrariedade, a traição, seria possível sofrer e morrer por amor da Justiça? ...... Verdadeiramente só se conhecem, saboreiam e apreciam os bens que se adquirem à própria custa, lentamente, penosamente.A alma, criada perfeita, como o querem certos pensadores, seria incapaz de aquilatar e até de compreender sua perfeição, sua felicidade. Sem termos de comparação, sem permutas possíveis com seus semelhantes, perfeitos como ela, sem objetivo para sua atividade, seria condenada à inação, à inércia, o que seria o pior dos estados; porque viver, para o espírito, é agir, é crescer, é conquistar sempre novos títulos, novos méritos, um lugar cada vez mais elevado ma hierarquia luminosa e infinita. E, para merecer, é necessário ter penado, lutado, sofrido. Para gozar da abundância, é preciso ter conhecido as privações. Para apreciar a claridade dos dias é mister haver atravessado a escuridão das noites. A dor é a condição da alegria e o preço da virtude, e a virtude é o bem mais precioso do que há no Universo." Bibliografia: "O Livro dos Espíritos" - Allan Kardec "O Céu e o Inferno" - Allan Kardec "O problema do ser, do destino e da dor", de Léon Denis Perguntas/Respostas: 01 Deise, sempre será preciso que o espírito passe por dores para progredir? Titrigo, por estarmos em um planeta de provas e expiações as dores virão, pois não temos como compreender a felicidade absoluta aqui. Isso não quer dizer que tenhamos de ser pessoas tristes, ou procurar as misérias da vida. A cada um serão colocadas as formas necessárias para sua evolução. às vezes teremos que domar o orgulho, a cobiça, a sensualidade, e toda privação se transforma, para nós em nossa pequenez em dores. 2. Obrigado, espero ser claro ... ... alguns pensam que o sofrimento impulsiona o espírito a um único caminho ... ... o da felicidade ... o que de fato é bom ... ... porem dizem ... isso nos tiraria o livre-arbítrio ... ... tenho uma opinião a respeito (talvez não minha) mas gostaria de ouvir (ler) alguém mais experiente ... o que pensa a respeito??? Litoral, temos uma fatalidade como espíritos. Progredirmos até o estágio de espíritos puros onde gozaremos de inalterável felicidade, porque não nos acharemos submetidos às necessidades, nem às vicissitudes da vida material. Mas, para chegarmos a esse ponto passaremos por todos os degraus da escala evolutiva. E, como aprendizes, teremos dificuldades inerentes ao nosso nível evolutivo. Em todo esse período utilizamos e utilizaremos de nosso livre-arbítrio. Apenas seria um erro considerarmos que temos a liberdade total, essa liberdade é ponderada de acordo com nossas capacidades, quanto mais evoluídos mais escolhas temos chances de fazer. Sendo assim, ao atingirmos a plena felicidade, também teremos a liberdade total de escolha, o livre-arbítrio em sua mais pura capacidade. O sofrimento é apenas um veículo, e quanto mais nos esforçarmos, menos teremos dificuldades a superar. É como o aluno, quando ele estuda sempre, com dificuldade, se sacrifica, consegue se sair bem nas provas. O outro, que não se esforça, passa o ano na brincadeira, nas provas finais sofrerá muito. Todos sofreram, mas cada um soube aproveitar seu tempo da melhor forma, e todos puderam escolher. 3 Não é uma pergunta, é só uma observação de que às vezes tenho a sensação de que certas coisas que temos como alguns "privilégios materiais" em relação a outras pessoas, iremos ser penalizados depois. Não necessariamente, querida. Você pode ter um privilégio material, e através dessa facilidade propiciar vantagens a outros. Veja, se você puder ter uma empregada doméstica, estará auxiliando essa família com um emprego. Você sendo justa como patroa estará criando um ambiente harmonioso onde estará exemplificando. Isso apenas com um exemplo simples. Nós, nesse momento, somos privilegiados por termos um computador em mãos, acesso à internet. Mas veja a utilização que estamos fazendo dessa "facilidade", desse bem. Estamos estudando, nós encarnados, e todos os demais desencarnados necessitados dessas palavras que estamos escrevendo. De nossos pensamentos, de nossas orações. Deus não nos daria essas facilidades se elas não pudessem também ser usadas para o bem. A pena será correspondente ao uso que fizermos de nossas vantagens. A ciência , por si só, não é boa ou má. A utilização que fazemos dos conhecimentos científicos é que serão fatores complicadores. 4. será que os sofrimentos verdadeiros mesmo, não são os da consciência culpada? seriam piores que estes naturais do caminho dos espíritos ignorantes? A consciência culpada é uma coisa de certo modo complicada. A culpa deve nos servir de alerta para o erro, a partir do momento que compreendemos devemos procurar a solução. A consciência culpada pode trazer transtornos que não nos deixem evoluir. Os verdadeiros sofrimentos, para o espírito, são os sofrimentos morais. Para o encarnado temos as dores físicas e as morais. Não sei se você teve chance de ler Tormentos da Obsessão, de Divaldo Franco, onde nos são relatados casos de alguns espíritos que, por não se perdoarem, ficaram em situação lamentável, como que encapsulados naquela condição de sofrimento. O sofrimento deve ser mola propulsora e não forma de nos retardar. Se o Pai nos ama, também devemos nos amar, sabermos que temos perdão e que devemos perdoar, aos outros e a nós mesmos. Nossas imperfeições são grandes, mas estamos a caminho. Oração Final: Vamos então, amigos... voltarmos nossos pensamentos ao Mestre de todos nós em agradecimento pela oportunidade do aprendizado na noite de hoje. Agradecendo pela vida, pelo corpo, pela família, pela Doutrina, pelas lutas, por tudo que nos possibilita o progresso e a evolução. Pedimos apenas que possamos estar presentes na próxima semana para mais um estudo tão esclarecedor como este que tivemos na noite de hoje. Que Jesus nos ajude e ampare os passos ainda muito vacilantes. Que assim seja, graças a Deus