Estudo Espírita Promovido pelo IRC-Espiritismo http://www.irc-espiritismo.org.br Centro Espírita Léon Denis http://www.celd.org.br Tema: Expiação e arrependimento LE 990 a 1002 Expositor: Fernanda Maria Leite Lima João Pessoa - PB Abril /2003 Mensagem Introdutória: O ARREPENDIMENTO O arrependimento é o primeiro sinal de consciência da falta cometida a surgir na tela mental do homem. Reconhecimento do erro, impõe, todavia, uma atitude dinâmica e corajosa para a sua retificação. Tem a finalidade de propiciar ao infrator a inadiável reabilitação, sem o que se transforma em suplício que se incorpora aos conflitos da personalidade, agravando o comportamento que passa a uma conduta alienada. Nem sempre, no entanto, as circunstâncias permitem ao faltoso o campo de recuperação, especialmente quando o ofendido tomba nas faixas semelhantes do desequilíbrio e não faculta a aproximação daquele a quem agora detesta... Nenhum arrependimento pode transformar-se em "sentimento de culpa", a fim de que não venha a tornar-se motivo de males mais graves. O arrependimento não deve ser cultivado para que se não converta em sombra e tóxico na consciência. O arrependimento é passo racional para a mudança de comportamento. O erro é uma experiência no processo da evolução em que todos nos encontramos situados. Não é justo, porém, a permanência nele. Acidente é ocorrência geral nas atividades humanas. Queda é fenômeno comum na marcha. Levantar-se, refazer o caminho constitui um dever intransferível para todos, mediante o qual se fixam os valores morais e intelectuais que ensejam a sabedoria e a libertação. Acata as sugestões do arrependimento, quando este se te apresente nas áreas mental e emocional. Não sejas severo em demasia para contigo mesmo, tornando-te desditoso, nem te faças indiferente a ponto de não lhe aceitares as propostas positivas. Enquanto a oportunidade se te faz favorável, recupera-te, adquirindo, desde já, a paz que o teu erro complicou. Pilatos, arrependendo-se da pusilanimidade praticada em relação a Jesus, deixou-se enlouquecer... Maria de Madalena, arrependendo-se da vida equivocada que levava, tornou-se a elegida para reencontrar o Mestre no dia da ressurreição... Judas, arrependendo-se do erro grave, enforcou-se... Simão Pedro, arrependendo-se da própria fraqueza, fez-se o protótipo do cristão, transformando-se no exemplo vivo da fé... A humanidade registra nos seus fastos, arrependimentos de vários matizes e, por isso, há aqueles que felicitam e há os que tresvariam. Seja o teu, o arrependimento que te dignifique e liberte, tornando-te tranqüilo e realizador do bem. Joanna de Ângelis Do Livro: Luz da Esperança Psicografia: Divaldo Pereira Franco Editora: Spirita Eldona Societo F. V. Lorenz Exposição: A consciência (no conceito espírita) é um mecanismo de alerta. Estando as Leis Naturais inscritas nela, a cada ação desenvolvida por nós mesmos ela nos trará um tipo de sensação. Todas as vezes que escolhermos uma ação (ou um comportamento) que contrarie as Leis Naturais, a consciência nos avisará, e sentiremos um incômodo a que chamamos arrependimento. Esta sensação nos leva a um desejo sincero de voltar atrás e reparar o mal que cometemos. Podemos senti-lo estando encarnados ou desencarnados. Quando encarnados, poderemos nos utilizar na vida em curso para reparar o mal. Quando desencarnados, pedimos a Deus uma nova existência para fazê-lo. Na verdade, as expiações podem se cumprir "durante a existência corporal, mediante as provas a que o Espírito se acha submetido e, na vida espiritual, pelos sofrimentos morais, inerentes ao estado de inferioridade do Espírito." (LE, perg. 998) Nos espíritos momentaneamente equivocados, sua consciência está 'adormecida' de tal forma que permanecem no mal por longo tempo, sem sentirem o arrependimento. Mas como a Lei do Progresso é irrevogável, mesmo não sentindo o arrependimento, tais espíritos sofrem outras dores, as quais querem ver-se livres, mas sem ter forças suficientes para tal. Quando, por algum motivo ou forma, seus corações são tocados pela sabedoria divina, tal sensação de remorso abre espaço para a busca da oportunidade de reparar o mal, através da expiação e/ou da prática do bem. Só o arrependimento não basta para que o mal seja reparado, o espírito tem que passar pela expiação correspondente à falta cometida. Basicamente, existe uma diferença sutil nas definições de provas e expiações1. Enquanto a prova visa o teste de nossa bagagem intelectuo-moral já adquirida, a expiação seria os transtornos físicos e morais, resultados de nossas más escolhas ou quando damos vazão as nossas más tendências. Na aproximação da morte, muitos espíritos, sentindo arrependimento do que fizeram na presente vida, designam seus bens materiais para a caridade. Mas tal ato não é de todo bom, pois o homem não precisando dos bens materiais porque já partiu para a pátria espiritual, não passou pelas privações de ficar sem esses bens. Esse desapego aos bens materiais de ultima hora é um ato "mais egoísta do que generoso. Quer ter o fruto do bem, sem o trabalho de praticá-lo". (LE, perg. 1001) A expiação, para ser válida, deve ser resultado do estímulo dos sentimentos, de um esforço sincero em fazer o bem, deve ser produto de um trabalho consciente e continuado. Sendo assim, ao fim da expiação, tanto estará o espírito mais experiente, maduro, como mais evoluído moral e intelectualmente, e terá como maior recompensa a retomada de sua paz de espírito. 1 "As provas têm por fim exercitar a inteligência, tanto quanto a paciência e a resignação." (Evangelho segundo o Espiritismo, Cap. V, item 26) "Até que os últimos vestígios da falta desapareçam, a expiação consiste nos sofrimentos físicos e morais que lhe são conseqüentes, seja na vida atual, seja na vida espiritual após a morte, ou ainda em nova existência corporal. A reparação consiste em fazer o bem àqueles a quem se havia feito o mal". (O Céu e o Inferno, 1ª parte - Cap. VII, item 17)